ENTREVISTA – Homero Lacerda (2ª parte)

Nesta segunda parte da entrevista com Homero Lacerda, o ex-dirigente leonino fala sobre o momento político do clube e aborda o processo sucessório rubro-negro. Confira!

meuSport.com – A torcida teme um racha no clube, pois sempre que isto ocorreu a crise tomou conta do clube por vários anos. O senhor acredita que isso voltará a ocorrer?

Homero Lacerda – Não, acho que não. As grandes lideranças não permitirão que isto aconteça. Não há possibilidade das verdadeiras lideranças do clube brigarem. Os satélites não, mas os líderes de fato possuem canal aberto para conversarem entre si, para buscarem o entendimento, para trabalharem em prol do melhor para o Sport. São pessoas equilibradas, ponderadas… Eu mesmo amadureci bastante. Não era não, mas com a idade e com as experiências você aprende muito. Então essa possibilidade de racha não existe.

Existe sim um problema de família entre os dois, mas isto não está interferindo em nada. Não tem relação com o clube, é coisa de família. E nós todos ficamos preocupados em nunca estimular esta desavença, pois é assunto pessoal. Se não podemos ajudar a resolver, trabalhamos para quem ninguém consiga piorar as coisas. O que existe por parte de Luciano é um pensamento muito parecido com o meu com relação ao momento do clube.

Luciano, das lideranças atuais, é sem dúvida alguma a de maiores serviços prestados ao Sport. Eu não tenho dúvida nenhuma quanto a isso. Nestes anos que ficamos na segunda divisão foi o Luciano quem verdadeiramente segurou a barca, quem sustentou o Sport. Ele vai se chatear comigo, não gosta que eu fale essas coias, mas Luciano chegou a ter dois milhões de dólares lá dentro. Ninguém faz uma coisa dessas. Ele bancou o clube na crise! A torcida não pode ignorar isso, precisa ter um respeito e um carinho enorme por ele.

Sabe, as vezes a torcida erra por falta de uma memória melhor. O Luciano sabe delegar e faz isso muito bem. Diferente de mim  e Milton, por exemplo, que vamos lá pra dentro. Em 2001, por exemplo, quando perdemos o hexa, Luciano deixou o futebol por conta de Milton. Começou com Fernando Lima e logo em seguida passou para Milton. E infelizmente ele não foi bem. E isso não tem nada a ver com competência. Tenho certeza que ele aprendeu muito naquela ocasião e hoje dá mostras disso, pois tornou-se um grande líder.

meuSport.com – Recentemente Luciano Bivar concedeu uma entrevista ao Diário de Pernambuco falando que você é candidato ao clube e até citou os demais nomes da chapa, que contaria, segundo ele, com Branquinho e Wanderson Lacerda. O que o senhor achou desta declaração:

Homero Lacerda – Acho que foi mais um gesto de confiança em mim. Trabalhamos juntos há vinte anos e conseguimos coisas juntos que ninguém jamais imaginaria. Impomos o Sport, encaramos todo mundo. Nós dois, ombro a ombro, passamos por coisas que renderiam um livro. Talvez um dia eu ainda escreva esta história. Enfrentamos muita coisa no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasilía, todo mundo tentando prejudicar o Sport e nós encaremos e vencemos todas as batalhas. Então há uma confiança mútua, uma relação realmente muito forte. E o que ele acha que não é pela emoção e entusiasmo da conquista de uma Copa do Brasil, que devemos manter a gestão atual. Ele reconhece também os méritos de Mílton e não tem nada contra ele, porém, sabe que é capaz de formar um grupo muito capaz e que pode fazer algo especial pelo Sport. Até uma união histórica, entre lideranças fortes, como Wanderson e eu. Branquinho também, um líder conciliador, um companheiro que sempre esteve ao meu lado. Aliás, ao meu lado no trabalho, pois todos nós estamos do lado do Sport. Esta união está sendo costurada por Luciano, um projeto que une Wanderson e eu.

Agora, existem pessoas que querem a união, são convictas disso, como há aquelas convictas de que o melhor para o Sport é Mílton e outras convicts que o melhor para o Sport sou eu. E comigo o grupo teria Branquinho, Wanderson, Luciano. E as outras liderenças que me perdoem, mas a representatividade de Luciano é tremenda! O poder de influência dele é absurdo. Luciano bate o telefone pra casa de Ricardo Teixeira e vai tomar café da manhã com ele, pra resolver os assuntos. Liga para o presidente do Clube dos Treze e é a mesma coisa. Eu tive esta experiência, assisti isso acontecer. Ele tem livre acesso aos grandes clubes, foi deputado federal, uma peça importante na CPI do futebol. Então tem o respeito e a amizade dos principais dirigentes do país. Então Luciano é um patrimônio inestimável, não podemos abrir mão dele.

Não se pode associar a imagem de Luciano à perda do hexa, muito menos o Milton. Repito, não podemos deixar de ter a representatividade de Luciano Bivar, seria um prejuízo enorme deixar este trunfo de lado. Agora que o Sport tem dinheiro, que tem oportunidades como a arena, o centro de treinamento, está bem na primeira divisão, é preciso ter pessoas competentes para fazer isso tudo crescer ainda mais. Será que as pessoas esqueceram que foi Luciano Bivar que reconduziu o Sport à primeira divisão? A memória do torcedor não pode ser assim tão curta. Meu Deus do céu, faz tão pouco tempo… Luciano era o presidente e Milton e eu estávamos no futebol.

meuSport.com – E o grupo atual não pode ser reforçado por estas pessoas?

Homero Lacerda – É claro que pode! Está tudo completamente em aberto, inclusive o cargo de presidente executivo. Não faremos disso um cavalo de batalha. Eu acho que já dei minha contribuição ao Sport e na minha geração, penso que fui um dos que mais fez pelo clube. Não me sinto devedor ao Sport.

meuSport.com – Então o senhor aceitaria voltar ao Sport em outro cargo que não fosse o de presidente executivo?

Homero Lacerda – Em última instância. Já fiz isso várias vezes, a última em 2006/2007, quando fui diretor de futebol. EM 2005 tivemos um ano desastroso e Luciano Bivar teve que segurar o caixa sozinho. Passamos três meses sem jogar, não entrava um real no clube. Mil e poucos sócios pagando, hoje temos quase dez mil!

Veja só meu raciocínio, é mais fácil você pagar uma folha de um milhão do que uma de duzentos mil, pois com a de duzentos mil dificilmente você ganha algo, e aí acontece extamente isto, não há dinheiro para nada. Já com um time de um milhão a tendência é que os títulos e os parceiros, bem como os sócios, venham, assim você arrecada muito mais, paga o time e ainda sobra dinheiro. como agora por exemplo, estamos na primeira divisão, estamos bem e tudo é mais fácil.

Tudo é custo benefício. As pessoas dizem que um jogador de R$ 60 mil é caro. Durval não é! Durval pagou até o último centavo que investimentos nele. Enquanto há jogadores que mal vestiram a camisa, os torcedores nem lembram dos nomes deles, tudo de dez, quinze mil reais. Esses sim é que são caros! Pesam nos cofres do clube. É melhor investir R$ 120 mil por mês num jogador para a Libertadores, do que trazer seis cabeças de bagre por R$ 20 mil cada um. Tem que trazer jogador pra resolver e não pra gastar o dinheiro do clube.

Clique nos links abaixo e leias as partes 1 e 3 desta entrevista:

ENTREVISTA – Homero Lacerda (1ª parte)

ENTREVISTA – Homero Lacerda (3ª parte)

 

Redação meuSport.com