Ex-atletas reclamam

Há cerca de dois meses o diretor de futebol do Sport, Milton Bivar (irmão do presidente Luciano Bivar) disse, em tom de desabafo, que o clube tinha se transformado em um “cemitério de jogadores”. Exagero (ou não) à parte, atletas como os atacantes Robgol (atual artilheiro da Série A, com 21 gols, pelo Paysandu) e Rinaldo (artilheiro do Fortaleza na atual temporada, com 13 gols) e o meia Lúcio (ídolo e maestro também do tricolor cearense) são apenas três dos exemplos mais contundentes. Todos com passagens recentes pífias no Leão. Mas qual a explicação para essa “maldição rubro-negra”?


Em entrevista ao Jornal do Commercio, a dupla Lúcio e Rinaldo disparou sua metralhadora verbal contra o clube. Eles apontam, entre outros motivos, a falta de tranqüilidade para trabalhar na Ilha do Retiro. “Eles (os dirigentes) acham que apenas o fato de ter dinheiro significa ser campeão de imediato e esquecem que futebol é trabalho a longo prazo. Existe um ambiente muito ruim lá, pesado. Se você perguntar a outros jogadores, eles dirão a mesma coisa. Com aquele clima, nenhum jogador vai dar certo no Sport”, disparou, de cara, Rinaldo.


Lúcio concorda. Os dois garantem que não têm a mínima intenção de voltar a defender tão cedo o time da Ilha do Retiro. “Fui contratado para ser o escudo das críticas. Não me sentia bem. Não havia tranqüilidade para se trabalhar. Qualquer derrota era motivo para se mudar a equipe, que não tinha uma seqüência atuando junta. Ia treinar sem saber se seria titular ou dispensado. Todos jogavam com essa pressão. Enquanto não se mudar essa mentalidade, o Sport vai passar muitos anos na Segunda Divisão”, profetizou Lúcio para, em seguida, completar. “Pelas pessoas que comandam o Sport, foi o pior clube por qual passei. Me arrependo de ter ido para lá”.


Tanto Lúcio quanto Rinaldo reconhecem que o peso do ano do centenário contribuiu para esse clima de insegurança. Os dois jogadores também não pouparam ataques ao técnico Zé Teodoro, que comandou o Leão nas 14 primeiras rodadas da Série B. Segundo eles, o ex-comandante leonino, no início da competição, disse que iria testar o potencial técnico de ambos.


“Ele me decepcionou muito. Com essa atitude Zé Teodoro quis tirar a responsabilidade dele e jogar em cima da gente. Eu e Lúcio já mostramos, onde passamos, o nosso potencial. E ele (o treinador) nos diz que vai dar cinco jogos de testes? Brincadeira”, relembra Rinaldo.


Lúcio também lembra outro entrevero com um ex-treinador rubro-negro. Não quis revelar o nome. “Esse técnico me pediu para não driblar. Como um treinador pode pedir isso a um atleta?”, questiona. Vale lembrar que Lúcio foi dirigido no Sport por Heriberto da Cunha, Adílson Batista e Zé Teodoro.


Para finalizar, a dupla dinâmica do Fortaleza lembrou que o clima entre os jogadores, durante a disputa da Série B, passava longe de ser de união. “Todos se respeitavam, mas não existia união”, declarou Lúcio. “Não tinha esse clima de família que existe aqui no Fortaleza”, completa Rinaldo.

Nota do site: Esta é a versão dos atletas queixosos, dirigentes e demais jogadores não foram consultados.