Vôlei – Superliga em risco

Todo o esforço de jogadoras e comissão técnica do Sport/Maurício de Nassau pode, literalmente, escorrer pelos dedos. Depois de o Leão conquistar a vaga na Superliga Feminina 2005/6, com o vice-campeonato na Liga Nacional, há uma semana, os custos elevados para inscrever a equipe na competição podem manter um jejum de 13 anos sem uma equipe pernambucana na elite do vôlei nacional.

Para começo de conversa, os trâmites burocráticos são caros. Só para a inscrição das atletas, o clube precisa desembolsar R$ 22 mil, fora hospedagens e passagens – que, obrigatoriamente têm que ser aéreas, pois os principais jogos são na região Sudeste.

Isso apenas para o time jogar. Se o objetivo for não fazer feio, mais dinheiro tem que entrar para contratação de atletas de ponta. No mínimo cinco, de acordo com o técnico José Alves. “Não adianta trazer jogadoras inexperientes”, avisa. Ele revelou que já estão sendo feitos alguns contatos com atletas que participaram da fase final da Liga, em Cuiabá.

O técnico já descartou a aquisição de alguma jogadora da rival AABB, pois não considera ético contratar alguém do principal oponente. “Se a AABB tiver sempre boas jogadoras, a rivalidade continua e ajuda a desenvolver o esporte”, explica.

E se precisa trazer mais gente, por outro lado, o clube tem que se precaver para segurar seu principal trunfo na fase final, a ponta Juju, de 17 anos. “O Rexona (comandado pelo técnico da seleção brasileira masculina, Bernardinho) está interessado nela, mas pela conversa que tivemos, ela disputará a Superliga pelo Sport”, diz. Juju fez mais de 70 pontos e terminou como a segunda maior pontuadora da fase final da Liga.

O sétimo lugar obtido em 2004 fez os rubro-negros vislumbrarem a quarta posição em 2005. Porém, a segunda colocação surpreendeu até mesmo as próprias jogadoras. “Ficamos surpresas com nós mesmas, já que nosso objetivo era melhorar em relação ao ano passado”, lembra a levantadora Diana.

Sobre a possibilidade de não disputar a principal competição nacional, após tanto esforço, ela nem quer ouvir falar. “Não estamos com medo de ficar de fora por causa do dinheiro, fica mais aquela expectativa de que apareça alguém para ajudar”, arremata.

E a ajuda de que fala a levantadora é exigida pelo vice-presidente de esportes amadores do Sport, Aloysio Monteiro. Ele afirma que são poucos os clubes no Brasil com três times olímpicos disputando as principais competições regionais. “Estamos na elite do vôlei feminino e no basquete masculino e feminino. Que outro clube no Brasil conseguiu isso? Agora todo mundo tem que pegar na alça do caixão”, diz. Para amanhã, o dirigente leonino tem reunião marcada com o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, Ari Graça, no Rio de Janeiro, para definir como a CBV pode ajudar o rubro-negro.

O dirigente reclama de que os políticos pernambucanos não têm mentalidade esportiva, mas também faz um mea culpa ao lembrar que ninguém na Ilha imaginava que as meninas do vôlei chegassem ao ponto a que chegaram e, portanto, não houve um planejamento pensando na Superliga. “Não pensei que um time caseiro fosse chegar”, admite.