Está na hora dos radicais se afastarem do Sport

A coluna anterior a essa que você está lendo era para ser a última de 2005, como eu preconizei. Mas como quem é fixo é poste, mudei de idéia. Neste, que na verdade é o último texto do ano – nada mais justo do que o colunista tirar férias e não ficar mais escrevendo sobre vexame em cima de vexame – eu gostaria de deixar uma coisa bem clara: algo precisa ser feito a partir deste momento para colocar o Sport de volta nos eixos.

São dois anos sem sequer nos classificarmos para a bendita fase final da Segundona, e ainda “torando aço” para não cairmos à Série C. Não caímos, obviamente, até porque, como eu tinha dito anteriormente, Terceira Divisão é luxo de apenas uma equipe grande do Estado. Para um clube da grandeza do Sport, esses quatro anos patinando na Série B já são um tormento sem tamanho.

Trata-se do fundo do poço, de onde precisamos emergir com urgência. Esse renascimento do Sport vai ser um parto doloroso, praticamente a fórceps. Muita coisa vai ter que mudar na estrutura que sustenta o clube, a começar pela ridícula e irritante querela entre os dois grupos que se revezam em sua administração. É hora dos urubus perceberem que estão transformando o Sport em carniça, do mesmo jeito que é bom os Talibãs notarem que seu regime totalitário não oprime outra entidade senão o próprio Sport.

Juntos, esses tais grupos fazem do nosso querido time uma força primitiva, intimidante, e não o clubeco de terceira que perde em casa – e de forma covarde – até para os últimos colocados do campeonato. Coesão interna é pré-requisito para o sucesso, mas também é hora de haver um princípio de renovação nos quadros que regem o clube.

A cada ano novos rubro-negros – e rubro-negros novos, o que é bem diferente – se mostram interessados em administrar os destinos do Sport. Esse novo fiasco é uma ótima oportunidade para que outros gerentes cheguem e dêem uma sacudida geral nos rumos do clube e nos brios da torcida, que tanto sofreu esse ano. De nada adianta um presidente milionário que não vai a um treino sequer e não acompanha o time nos jogos, e muito menos um vice-presidente cuja “rubro-negrice” só foi descoberta há pouco, sem contar com as denúncias de…. Ah, deixa pra lá. Existem foros mais adequados para tratar do caso dele.

Ainda dá tempo, amigos. Tempo para perceber o óbvio ululante de que o Sport precisa de um planejamento rigoroso para a temporada seguinte e de uma administração coesa e sintonizada com os atletas e com a torcida. Eu sei de boas notícias, como a construção do Centro de Treinamento – está na hora de revelarmos novos Juninhos, Leonardos, Chiquinhos, Boscos, Adrianos, Sandros e etc – e das finanças relativamente equilibradas, tendo em vista o fracasso que foi a temporada.

Então o que estamos esperando? Mais um ano de marasmo e mau gerenciamento para finalmente cairmos à Série C? Mais um vergonhoso terceiro lugar no Campeonato Pernambucano? Mais um ano sem disputar a Copa do Brasil? Eu não espero por nada disso, e tenho certeza que você aí, lendo a coluna, também não. Mas como nós, pobres mortais freqüentadores das arquibancadas, nada mais podemos fazer a não ser rezar, é bom renovarmos com fervor as nossas preces e torcer para que os homens que têm a batuta nas mãos entendam que o Sport não pode ficar do jeito que está.

Covardia, nervosismo e vexames são a antítese da raça, dos brios e do futebol que fizeram do Sport Club do Recife a agremiação mais vitoriosa do Estado ao longo desses 100 anos, cujas glórias nossos adversários vão precisar de três ou quatro encarnações para alcançar. Uma história que não pode ser jogada no lixo por conta de vaidades e disse-me-disse.

Não se esqueçam, caros cartolas, que essa torcida é a maior e mais apaixonada do pedaço, um exército de 1,8 milhão de pessoas, segundo dados da revista Placar. Uma massa formidável que proporcionou ao time mequetrefe o maior total de arrecadação na primeira fase da Série B. E nós estamos chateados, muito chateados. Pensem nisso na hora de deitarem para dormir e, principalmente, quando forem traçar os rumos do nosso clube de agora em diante. Chega de vexame! Rubro-negro não é acostumado a isso.