Maizena trabalha para recuperar a camisa 1


Titular do início de 2003 até o fim de maio de 2005 – enfrentando uma disputa ferrenha com o goleiro Bosco, pelo posto de melhor goleiro do Sport, no meio desse tempo –, Maizena garante nunca ter se achado o dono da meta leonina. Mas, ao ser preterido da equipe para a entrada do então recém-chegado Magrão, mais precisamente no embate diante do Guarani-SP (27/5), vencido pelos rubro-negros, por 1×0, na Ilha do Retiro, o experiente atleta reforçou uma tese: no futebol não existe o absoluto, o inatingível.

Maizena é a prova. Afinal, mesmo depois de tantas defesas milagrosas, uma média de gols por partida que não ultrapassa a marca de 0,8 – considerada excelente por especialistas na posição – e dono de uma regularidade assustadora, acabou no banco de reservas. Bastou uma mudança de técnico, para Maizena sentir na pele a sempre assustadora dança das cadeiras do esporte.

Resta a Maizena, agora, esperar uma nova oportunidade. Ele crê que a qualquer momento o clube pode voltar a precisar dos seus trabalhos. Mas quando chegar o momento é bom não esperar grandes mudanças no seu estilo. Ao contrário. Ele mesmo não sabe quais defeitos levaram Zé Teodoro a sacá-lo. Assim, nada de ênfase nos treinos específicos, como saídas do gol ou lançamentos para o ataque. 

“Continuo com a mesma carga de treino. Nada mais que antes. Ainda me preocupo em estar bem. Do mesmo jeito que saí, posso voltar”, acredita.

Ao tomar conhecimento de que não era mais titular, Maizena sofreu um baque. No mesmo dia, evitou a imprensa, como forma de não falar de mais. Tudo era muito recente. Mais que desabafos, um momento de reflexão era necessário. Uma coisa não podia negar: sair naquelas circunstâncias, quando não creditava para si alguns dos erros que apontavam como seus, era difícil. “Nesse momento, tem de se respeitar os companheiros e não se acomodar.”

Ele não revela o que sentiu na hora. O importante foi reconquistar a alegria perdida momentaneamente. A partir daí, descobriu que poderia ajudar de outra maneira, do lado de fora do campo. “Tenho 37 anos, e nenhum privilégio por causa disso. Treino do mesmo jeito que os outros goleiros (Magrão e Igor), e isso passa a ser exemplo para os mais novos do grupo”, frisa Maizena.

Além de goleiro, procura dar uma de “embaixador da alegria”. É amigo de todos. “Principalmente dos que estão chegando”, complementa.

Outro fato deixa Maizena feliz, segundo conta. Estar num grande clube do Brasil é a segurança que precisa para continuar no futebol, mesmo tendo uma idade considerada avançada. “Jogo bem mais uns dois anos”, afirma o goleiro. “Se estivesse em outro clube, que atrasasse salário ou não oferecesse estrutura, talvez já houvesse parado”, ressalta.

Ao ser barrado, chegou-se a especular que o jogador poderia estar de malas prontas para o Náutico. Não aconteceu. Principalmente por decisão do próprio, que sempre mostrou-se interessado em ficar no Leão. “Estou feliz aqui e esperando minha oportunidade para mostrar que sou capaz de jogar”, finaliza.