Possato aproveita o “molho” para meditar

No dia 31 de janeiro, o lateral-esquerdo rubro-negro Possato viu o filme de sua carreira passar todo na sua mente, em questão segundos. Ele havia acabado de tomar um carrinho violento do volante Andrade, do Santa Cruz, e escutou um estalo, como se um dos ossos do tornozelo direito houvesse partido – era a fíbula do atleta que acabava de ser fraturada. Ainda no campo do Arruda, ele cogitou ter sido aquele o último jogo de sua vida. Pensamento que só quem é jogador de futebol profissional entende. No próximo dia 2 de maio, completam-se três meses que Possato sofreu a cirurgia no local da lesão ligamentar. Daqui a 60 dias, ele deve estar de volta aos gramados.

Passado o tempo de “terror”, ele inicia uma contagem regressiva particular. No local da contusão, nada de edemas ou inchaços. Ele não sente mais nada. O que incomoda, ainda, é a falta de elasticidade do pé direito. E este só será o mesmo de antigamente ao final do tratamento fisioterápico.

O medo de deixar o futebol não existe mais. Em vez disso, ficaram apenas indagações comuns de quem levou um grande susto e depende da capacidade corporal para poder trabalhar. “Quando vou ter segurança nos movimentos? Qual o tempo ainda de recuperação? Será que vou voltar o mesmo de antes? Como vai ser a disputa pela vaga com os outros laterais?”. Essas são apenas algumas das perguntas que se faz diariamente.

Para acabar de vez com a ansiedade, faz um exercício mental. Procura não pensar que o sacrifício está chegando ao fim. “Quando começo a pensar, procuro esquecer. Estou no caminho certo, e não posso queimar etapas. Isso poderia prejudicar.”

O empenho na fisioterapia de hoje – ele faz exercícios específicos duas vezes por dia, no clube, com sessões que variam entre uma e duas horas, cada uma –, contrasta com a falta de entusiasmo do início da contusão. Antes, Possato se sentia desmotivado. “Aí é que entra a família. Aqui no Recife, tenho a minha esposa e minha mãe, que veio do Rio de Janeiro para me ajudar”, afirmou o atleta, referindo-se às donas Larissa e Josefina, respectivamente.