Podem ficar com a rebarba do que vai ser sempre nosso

Por Adelmar Bittencourt*


Futebolisticamente falando, eu nunca fui do tipo romântico, daqueles que acreditam que boleiros jogam pelo famoso “amor à camisa”. E vou além: acho que eles estão certíssimos em não fazê-lo; afinal de contas, são profissionais e devem defender com o mesmo afinco quaisquer cores que vistam. Também nunca tive a ilusão de que ídolos meus fossem ser eternamente rubro-negros, pois sei que, no futebol, é preciso rodar, ganhar mais dinheiro, carros mais possantes, mulheres mais loiras, essas coisas de boleiro.

Mesmo assim, confesso que não gostei nem um pouco de ver hoje, no Jornal do Commercio, uma foto de Leonardo vestindo o uniforme do 2º Maior Time de Pernambuco. Isso porque ele não é um jogador qualquer. Não é como Cleisson, que jogou umas duas temporadas aqui, agradou em cheio, mas agora está velejando na furadíssima barca do 3° Maior Time de Pernambuco. Leonardo é, simplesmente, o terceiro maior artilheiro da gloriosa e centenária história do Sport Club do Recife. Tem uma invejável folha corrida de serviços prestados ao clube. Foi injustamente perseguido por setores da torcida quando da malfadada temporada de 2004. Sem qualquer clima ou estímulo, pediu para sair.

Não, eu não esperava que Leonardo reagisse à proposta do 2º Maior Time de Pernambuco com um “Deus me livre, sou rubro-negro!”, até porque ele não é. Rubro-negros somos nós, que tanto aplaudimos seus dribles e gols. Léo é um profissional em busca do salário. Só não vou lhe desejar boa sorte, pois aí já é demais.

Na memória, no entanto, vão ficar histórias deliciosas como a “saia” que ele deu em Mancuso na estréia do argentino pelo 2° Maior Time de Pernambuco. Ou de bailes de gala como aqueles 3×0 pelo Brasileirão de 2000, em pleno estádio deles. E até mesmo pelo maior e mais gostoso drible de todos: o olé que demos na diretoria deles ao ir buscar em Picos o garoto que já estava acertado para jogar pelo rival. Foi mal, galera, tiramos de vocês um ídolo em potencial, e a história dele vai ser nossa para sempre. Para vocês, vai ficar a rebarba. Aproveitem.