ESPECIAL – Memórias de um Louco VI

A saga continua…


Continuando o especial da coluna ‘Memórias de um louco’, vamos falar da ida de alguns rubro-negros à Lima, capital peruana. Os loucos foram ver o Leão jogar pela Libertadores da América.


Depois de se reunirem na sede, os rubro-negros entraram no ônibus e tiveram tratamento de estrelas (ou seria de loucos mesmo? Afinal fazer uma viagem dessas…). O percurso dos leoninos foi transmitida ao vivo no Jornal Nacional. “Por onde o ônibus passava era reverenciado pela nossa torcida”, relembra Moca. “A primeira noite foi uma loucura pois o extase tomava conta de todos nós e confesso que foi difícil dormir, pois eu mesmo cuidei para que ninguém dormisse naquela noite!”, completa.


Ao chegar em Brasília tiveram ir à embaixada do Peru carimbar alguns documentos. No caminho, a surpresa foi grande. “Nunca imaginei que existisse tanto rubro-negro da Ilha do Retiro espalhado por este Brasil!”


No terceiro dia de viagem ocorrei um fato engraçado. Os heróis rubro-negros pararam em lugar chamado Nova Califórnia, o clima era meio tenso, pois a região que estava em litígio entre os estados do Acre e Rondônia. Para evitar um conflito armado entre os dois estadosa região estava sob a proteção do Exercito. Assim que pararam o ônibus, surge um jipe do exército com um sargento gritando feito um louco! É para se apavorar, não? Imaginem a cena!! Imaginaram? O possível e compreensível temor que deve ter passado na mente dos rubro-negros viajantes e que vocês leitores imaginaram logo se acabou. É que o sargento era pernambucano e… um fanático torcedor do Glorioso! “Ele ficou muito feliz, chegou abraçando todo mundo, falando que tinha visto a matéria na televisão e que estava sonhando com a nossa passagem por lá”, fala Moca.


O sargento organizou um “torneio” de futebol, no qual havia dois times: o do quartel e o do ônibus. Quem ganhou? A galera do busão, é claro!! Mas bem que teve uma mãozinha do sargento (e o juiz da partida). “Foi realmente muito engraçado ver tamanha felicidade em um homem acostumado com a aspereza da selva e do trato com a tropa”, comenta o loucão Moca.


Mas as histórias não pararam por aí. Muita coisa aconteceu, desde estradas totalmente esburacadas a situações ainda mais inusitadas. Na noite do quinto para o sexto dia, teve a caça ao tatu. Numa estrada, em plena floresta amazônica surge um tatuzinho. O intuito dos leoninos era pegá-lo e fazer tira-gosto (que malvadeza, hein?!), só que um dos corajosos caçadores correu mais do que o pobre animal.


Depois disso, os rubro-negros foram dormir o sono dos justos e se preparar para mais um dia de viagem. Eles chegaram finalmente à Assis Brasil, localizada na fronteira do Brasil com o Peru. Moca diz que “dessa vez não apareceu nenhum torcedor do Sport, mas apareceu índio e caboclo, que ninguém sabia de onde tinha surgido”.


Enquanto tomavam o café da manhã, Moca foi olhar o rio Madeira e a ponte por onde iam atravessar para chegar ao Peru. “quando cheguei lá levei dois sustos. o primeiro foi que o rio estava tão seco que dava para atravessar a pé; o segundo, a ponte havia sido destruída na última cheia.” O prefeito da cidade garantiu que eles poderiam atravessá-la, pois a água mal chegava nos joelho,s mas os motoristas ficaram com medo que o ônibus atolasse e resolveram que não tinha condição de passar. O prefeito até prometeu que colocaria o trator da prefeitura para rebocar o ônibus. Havia a esperança deles voltarem uns 800 km e seguir pela Bolivia ou continuar a viagem dali, mas sem o ônibus. Resultado: cinco pessoas resolveram ficar e seguir a viagem dali mesmo. “Eu estava louco para ficar também, mas como eu estava organizando achei que deveria seguir com o ônibus. Nos despedimos dos cinco e seguimos viagem com uma imensa frustração no peito, mas ainda esperançosos de alcançar Lima pela Bolívia”, diz Moca.


Nota da redatora:


Quando se pensou em fazer a coluna Memórias de um Louco, não imaginei que seria um sucesso de aceitação nem que teria tanta história para contar. Sabia das loucuras de Moca, mas não de todas. Enganei-me tremendamente.


Mas teve uma coisa que me surpreendeu mais ainda. Quando eu estava anotando na agenda os dias que os textos deveriam ser publicados, tive uma grata surpresa: um deles deveria ir para o site no dia 13 de maio de 2005. Parece até algo combinado, mas não foi! Maravilhosa surpresa… É com prazer que escrevi o texto e alegria por fazer parte desta nação rubro-negra. Agora é só comemorar, afinal de contas entramos para o seleto grupo dos grandes clubes seculares.