ESPECIAL – Memórias de um Louco V

O dia do Centenário está chegando e, para comemorar os 100 anos do nosso Leão, a série Memórias de um Louco vai contar a ida de alguns rubro-negros à Lima, capital peruana. Hoje você vai saber como tudo começou.
 
Que tal uma viagenzinha?!


“O ano era 1988; havíamos conquistado o Campeonato Brasileiro de 1987 e estávamos disputando o estadual. Logo após o jogo contra o Sete de Setembro, em Garanhuns, arrumamos as bandeiras dentro do ônibus e começamos o retorno para casa com a sensação de dever cumprido”, diz Moca.


De repente, surge uma idéia! “Levantei da minha cadeira e fui lá na frente confabular com Severino Victor, da Treme-Terra. Cheguei e disse: Olha Victor, acabei de ter uma idéia: quero organizar uma viagem de ônibus para assistir aos jogos do Sport lá em Lima pela Libertadores. Falei isso como se Lima fosse ali na esquina! Victor olhou para mim meio espantado e falou que não dava, era muito longe, ia ser muito caro, que não ia ter gente para encher o ônibus e que ele não tinha coragem de encarar uma ‘loucura’ destas.”


Moca passou o caminho Garanhuns-Recife pensando numa maneira de arquitetar seu plano. Ao ver os integrantes da Bafo do Leão (dentre eles Nilda e Valdomiro, organizadores na época), o Louco pensou ter encontrado uma luz no fim do túnel. “Eles toparam de imediato! Ali mesmo já marcamos uma reunião para, no dia seguinte, começarmos a levantar os custos, itinerário, distância, duração e o mais importante: tentar achar um patrocinador”, relembra.


Ao falar com o dono da linha de ônibus que possivelmente faria a viagem (Princesa do Agreste, propriedade de um ex-jogador leonino, Vadinho), o pessoal escutou uma frase bastante conhecida por eles: “Vocês são loucos?”. O valor, apesar de toda a ajuda ainda era muito alto. Seriam cerca de 17 mil km e quase 22 dias de viagem.


“Voltamos ao Sport e fomos falar com o presidente Luciano Bivar e mais uma vez escutamos a pegunta: Vocês são loucos?”. Mas ele embarcou na nossa loucura. Mostramos como isto iria repercutir nacionalmente, sem contar na fantástica demonstração de força e amor que nossa torcida daria ao Brasil, ele – Bivar – nem pensou duas vezes e falou que o Sport iria colaborar. Depois partimos para a fabrica do grande rubro-negro Júlio Campos e mais uma vez a velha afirmação: vocês são loucos!”. Nessa altura os loucos rubro-negros já contabilizavam quase 30% do valor. “Fomos então ao escritório de Homero Lacerda e antes que ouvíssemos a mesma afirmação, falei para ele que já tínhamos um atestado e que éramos normais”, brinca Moca. E de grão em grão, o Leão ia enchendo a barriga…


Agora só faltava a divulgação. O programa escolhido foi “O assunto é”, da Rádio Jornal. “eu pedi a palavra e falei que a Sportmania e o Bafo do Leão estavam colocando a partir daquele momento um ônibus com destino a Lima no Peru, para os jogos do Sport e que os interessados já poderiam ligar para o Sport e deixar os dados. Os repórteres ficaram gagos e não sabiam nem por onde começar a falar!” Quando chegaram ao Sport, após o programa, os loucos tiveram uma supresa. Havia mais de 30 pessoas interessadas em viajar e o telefone não parava de tocar. 


“A medida que o dia da viagem ia se aproximando e a ansiedade aumentando o clima era o melhor possível, já tinha gente que tinha traduzido o nosso  cazá cazá até para o japonês, na intenção de irmos a Tóquio”, fala o louco Moca. Depois de quase 45 dias de preparativos e dezenas de idas e vindas chegou o grande dia da viagem.


O dia amanheceu nublado. Moca, como sempre, preparou tudo para a viagem mas esqueceu de se preparar. “Eu não tinha sequer arrumado a minha mala, o horário de saída estava marcado para as 20 h. Nossa sede monumental parecia que vivia um dia de jogo, sua fachada toda enfeitada com as bandeiras das torcidas, faixas penduradas louvando os ‘loucos’ e muitos fogos. Toda a Diretoria presente e a imprensa compareceu em peso. Estavam presentes todas as emissoras de televisão e rádio, além da jornalistas da impressa escrita. Nunca me senti tão ’importante’ na vida, pois acho que dei umas 20 entrevistas! Teve gente que me pediu até autógrafo!” Os rubro-negros entraram no ônibus e, como diz Moca,  lá se foram “a caminho da Odisséia!”.


Nosso próximo encontro é no mágico dia 13 de maio, nosso Centenário! Agüentem os corações, que nossa volta já está marcada.