Coluna – A Tribuna do Leão

UM CASO DE AMOR


Faço parte de um respeitável subgrupo da Nação Rubro-Negra. Minha família, tanto pela via paterna como pela materna, é composta – majoritariamente –, por pessoas que carregam nas veias o sangue preto e encarnado. Existem apenas duas ovelhas desgarradas pelo lado materno, só para não fugir à regra geral. Se bem que, no fundo mesmo, esses meus primos que não torcem pelo Sport, o fazem mais pelo desejo de ser do contra, do que por serem admiradores daquele time do canal. Jogam no time da contestação, dos rebeldes sem causa. Isso até que é bom, pois, como são de gerações distintas, nos dão a opção de fazer gozação em tons diferentes nos encontros familiares. Por sorte, não se tem registro de admiradores do outro time, o da avenida rosa. Ainda bem, tendo em vista que para o outro caso (os do canal) uma boa reprimenda resolve. Já para esse… Deixa pra lá!


Mas não gastemos nosso teclado do computador dissertando sobre assuntos tão desagradáveis. O objetivo aqui destas mal traçadas linhas é mais nobre. Estamos diante de um fato histórico de Pernambuco. O momento é de reverenciar um dos maiores patrimônios do nosso País: o Sport Club do Recife, fundado à sombra de um sapotizeiro, no dia 13 de maio de 1905. Um clube que a partir de então, ano após ano, acumula glórias e agrega milhares de fãs e simpatizantes em todos os cantos do Brasil e do mundo. Uma legião de admiradores que não se cansa de exaltar e propagar a linda história escrita nestes 100 anos.


Humildemente, me incluo nesse rol de abnegados propagadores de tamanha riqueza da vida pernambucana. Quando garoto, e já se vão quase três décadas, ficava admirando pela televisão aquelas cores que tanto me despertavam interesse quando apareciam diante da tela. Achava o máximo contar na escola que, na rua em que residia, lá em Candeias, era vizinho de alguns dos astros que desfilavam pelos gramados da Ilha do Retiro. Ficava ‘bestinha’ com aquilo.


Ainda sinto orgulho de ter na memória cenas marcantes, tais como: algumas das ampliações do Estádio (aquele leão imponente, dentro da jaula e no gramado foi demais); a testada de Marco Antônio, no gol contra o Guarani, conquista maior da Nação; os helicópteros que já pousaram no gramado, em momentos festivos; a galeria de astros, alguns deles ejetados à Seleção Brasileira (até treinador já cedemos ao País); enfim, inúmeros feitos que pude vivenciar.


Posso, inclusive, me gabar por momentos que sequer presenciei. Como na única Copa do Mundo disputada no Brasil, em 1950. Sabem em que estádio aconteceu uma partida em Recife? Pois é, acertou quem pensou no Adelmar da Costa Carvalho. Vontade de muitos, privilégio de poucos; é o que podemos dizer aos invejosos de plantão.


Por uma peça pregada pela Natureza, por pouco não nasci no mesmo dia de fundação do Sport. Mas ficou até charmoso. Sou de maio, do dia que se for invertido dá a data de nossos festejos. Neste dia, iniciou-se um caso de amor à primeira vista. Uma paixão avassaladora. Uma coisa indescritível. Coisa que só quem torce pelo Sport tem capacidade de entender essa magia (para usar uma expressão bem empregada pelo companheiro Lauro Diniz). Algo em torno de 60% dos pernambucanos sabem o que queremos dizer, pois compartilham o mesmo sentimento.


Uma paixão que deixo de legado para os meus dois filhos. O mais velho, Mateus – de 05 anos –, aos poucos vai compreendendo o sentimento que nos domina. É sócio e já freqüenta a Ilha do Retiro. Já a caçula, Ana Helena, de pouco mais de um mês, não tardará a despertar para essa paixão. E é assim que mais 100 anos de glória serão construídos. Dedicamos o espaço a todos que ajudarão a escrever as páginas do próximo Centenário. Com o suor, as lágrimas e o sorriso de todos os descendentes desta rede de felicidade, chamada Nação Rubro Negra. Salve 13 de maio! Pelo Sport Tudo!