Cai mais o número de pratas da casa na Ilha


A saída do lateral-esquerdo Ademar e do volante Pedro Neto, e o retorno momentâneo do meia Diego aos juniores, divulgadas ontem, expõe um triste quadro no Sport. Dos 28 profissionais que compõem o elenco rubro-negro, apenas dois foram forjados, recentemente, nas categorias de base do clube: o goleiro Igor e o zagueiro Clécio. Esse número vai de encontro a uma história de sucesso no quesito “revelação de talentos”. Mais: é a contramão do planejamento para o soerguimento do futebol nacional, cuja mola mestra é a lapidação de novos craques, para poder vender os seus direitos federativos. Só assim engordam-se os caixas dos clubes.

Num lance hipotético, tomando por base a atual radiografia do grupo, em caso de o Sport não lograr êxito na Série B, dificilmente não haverá uma debandada geral dos atletas, ficando o clube da Ilha em maus lençóis, em 2005. Infelizmente, esse é um mal à vista, que o Sport pode pagar por, em 2000, ter deixado de investir na base, decisão, à época, do presidente Luciano Bivar.

Não precisa voltar muito no tempo. No título pernambucano de 1991, dos 11 titulares, seis tinham sido forjados em casa, ou eram fruto de uma garimpagem minuciosa realizada em pequenos clubes do Nordeste: o goleiro Gilberto, o zagueiro Aílton, o lateral Givaldo, o volante Dinho, e os meias Zico e Neco.

Em 1994, passeava pelos campos pernambucanos, talvez a safra mais promissora do Leão, nos últimos tempos. De todos os que iniciaram a final contra o Náutico, sete eram formados na Ilha. Quem não se lembra, por exemplo, do volante Dário, dos zagueiros Sandro e Adriano, do lateral Givaldo, dos meias Juninho Pernambucano e Chiquinho, e do atacante Leonardo?

Há cinco anos, o número de atletas da casa era menor, mas estavam lá o goleiro Bosco, o lateral Russo, o meia Nildo e o atacante Leonardo.

Esses são exemplos de momentos diferentes dos últimos 15 anos da história do Sport. No atual elenco, apenas Sandro, Russo e Fabiano Gadelha, iniciados no clube, estão no grupo. Mas isso depois de longas temporadas fora do Recife.

O argumento para o afastamento de Ademar e Pedro Neto é um só: eles não se adequaram à filosofia de Zé Teodoro. O próprio treinador põe panos mornos. “Eles precisavam experimentar novos ares”, explicou.

Com a vinda do novo zagueiro pretendido pelo clube, outro que está com a cabeça a prêmio é Clécio. “Hoje são eles, amanhã pode ser eu. Fico triste por tudo o que aconteceu. Mas sei que eles têm capacidade de jogar em qualquer clube do Brasil”, afirmou o atleta. “Não cabe a mim julgar a direção. Mas isso sempre acontece com os jogadores da base, em qualquer canto do Brasil”, explica, passivamente, Clécio.

Dispensas à parte, o atacante Vinícius deve jogar, no domingo, contra o CRB, em Maceió, pela Série B. Ele fez um exame de ressonância magnética, ontem, que não acusou lesão na coxa esquerda. Amanhã, o centroavante deve voltar a treinar normalmente.