Sport sofre com a maldição dos artilheiros


Centroavante, segundo Aurélio, é o nome dado ao jogador que atua no meio da área adversária. Mas para a torcida, essa palavra tinha outros significados: homem-gol e matador. E não poderia ser diferente. Centroavante é um jogador ofensivo, que costumeiramente atuava com a camisa nove e era o jogador responsável por atrair a marcação dos adversários e, ao mesmo, tempo fazer os gols. Mas assim como o ponta-direita e o ponta-esquerda, a denominação centroavante saiu do vocabulário dos boleiros. Todos, agora, são atacantes.


De uma forma ou de outra, a torcida do Sport vem sofrendo, nos últimos anos, com a ausência do tal homem-gol, aquele que cai nas graças da torcida e se orgulha de ouvir seu nome ecoando nas arquibancadas. Para se ter uma idéia, o último atacante leonino a conseguir a façanha de ser artilheiro do Pernambucano foi Rodrigo Gral, que, em 2001, marcou 15 gols. Mas a façanha de Gral ficou desfocada,  empatado com ele, ficou o então desconhecido Kuki, que se sagrou campeão pernambucano daquele ano pelo Náutico.


Portanto, os rubro-negros vão ter que retroceder mais um pouco a memória para se lembrar que o último atleta a sentir o doce sabor de ser campeão e artilheiro vestindo a camisa rubro-negra foi o atacante Leonardo. E em duas oportunidades: a primeira, em 97, fazendo 14 gols, e, a segunda, em 99, balançando as redes adversárias 24 vezes.


Mas do ano passado para cá, a diretoria rubro-negra vem apostando em jogadores tarimbados, com fama de artilheiros, mas que até então não empolgaram a torcida. Primeiro foi Róbson, mais conhecido como Robgol. Depois de uma novela para acertar o seu contrato, o jogador chegou na Ilha do Retiro com a fama de matador, mas só conseguiu marcar três gols durante a Série B, sendo dois deles em rebotes de pênaltis.


Em 2005, o Leão contratou Rinaldo, artilheiro da Série B de 2004, quando vestia a camisa do Fortaleza, e Vinícius, destaque na vitoriosa campanha do Tricolor do Picí na Segundona de 2002. Pois bem, no Pernambucano, os dois marcaram, juntos, apenas oito gols. Menos da metade dos gols de Kuki, do Náutico, artilheiro do Estadual, que estufou as redes adversárias 17 vezes.


O que será, então, que está acontecendo com os atacantes do Sport? Porque será que os experientes e tarimbados matadores não conseguem emplacar na Ilha do Retiro? “No momento, acho que estamos com grandes atacantes, mas será que o problema é apenas na frente? É preciso que esses jogadores que atuam na linha de frente sejam municiados”, afirma o diretor de futebol Marcos Amaral. Para o dirigente, Vinícius tem tudo para ser o destaque da Série B. “Às vezes, até o esquema do treinador atrapalha um pouco o desempenho dos atacantes. Veja o Náutico, por exemplo. Eles jogam em função de Kuki. Quando Kuki vai mal, o Náutico vai mal”, exemplifica.


Quem compactua com a afirmação do diretor é o torcedor Aldo Neto, 26 anos. “Quem não contrataria, no início do ano, um Rinaldo ou Vinícius?”, questiona. Para ele, o Sport precisa ajustar melhor o setor de meio-campo para que os atacantes possam receber mais bolas. “É preciso um esquema tático que favoreça a esses jogadores”, diz Aldo, lembrando de Marcelo, Luís Müller e, especialmente, Hélio como os últimos grandes centroavantes que passaram no Sport.