Ex-goleiro Manuelzinho deixa saudade

Manuelzinho, Chicão e Zago, Pedrinho, Capuco e Gilberto, Pitota, Orlando, Tará, Edgar e Siduca. Esta foi a equipe pernambucana, que no dia 22 de outubro de 1944 goleou o selecionado baiano por 9×1, na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Brasileiro de Seleções. O último sobrevivente daquele glorioso time que elevou bem alto o nome do futebol pernambucano, morreu ontem, às 18h, no Hospital Memorial São José, e será enterrado hoje, às 14h, no Cemitério de Santo Amaro.


Manuel Monteiro de Arruda, o consagrado Manuelzinho, sofria de insuficiência renal desde 1997, o que o levava a submeter-se a três sessões semanais de hemodiálise. Tendo piorado, há 22 dias estava internado no hospital onde faleceu.


Apesar do sofrimento, até pouco tempo, ele reunia forças para comparecer ao tradicional encontro dos filhos de Caruaru, que se realiza a cada primeiro sábado do mês, e do qual era um dos principais personagens.


Nascido em 7 de setembro de 1922, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil – tinha 82 anos ao morrer–, Manuelzinho deu os primeiros passos no futebol pelo Rosarense, do Rosário, bairro caruaruense onde nasceu. Foi titular do juvenil do Central em 1937 no Campeonato Pernambucano, e com a saída do alvinegro, foi defender o Cruzeiro de Pesqueira, empregando-se na tradicional Fábrica Peixe – em 1972 recebeu o título de Cidadão Pesqueirense.


Embora fosse baixinho, Manuelzinho foi ficando falado no futebol do interior. Sua fama chegou à capital, e logo, ele, com apenas 17 anos, era titular do Great Western, hoje Ferroviário. Depois de brilhar no Great Western, em 1939/40, foi contratado pelo Sport, com o qual se sagrou campeão pernambucano invicto em 1941. Em dezembro embarcou para a célebre excursão pelo Centro-Sul, na qual o Leão da Ilha tornou-se conhecido e respeitado, com vitórias inesquecíveis sobre os mais expressivos times brasileiros, como Vasco, Flamengo, Atlético Mineiro etc. Metade da equipe ficou por lá. Manuelzinho estava sendo contratado pelo Botafogo, mas não resistiu às saudades da sua Rua Amarela, em Caruaru, e de mãe Nenem, como tratava sua mãe. Poucos meses depois estava de volta, ajudando o Sport a sagrar-se campeão de 42/43, portanto, tricampeão. Foi ainda bi pelo Leão em 48/49, mas em 51 caiu em desgraça, ao ser apontado como responsável pela goleada de 5×1 aplicada pelo Náutico, com um homem a menos e com um goleiro improvisado.


Transferiu-se para o Náutico, por influência do caruaruense Chico Limeira, conselheiro alvirrubro. Foi campeão em 52 (invicto) e 54, tendo jogado até 56. Ficou definitivamente ligado ao clube dos Aflitos, cuja comissão técnica chegou a integrar. Dirigiu também o juvenil.


Manuelzinho deixou a viúva Aline, com quem era casado havia 51 anos, os filhos Emanoel, psicólogo, e Evelin, jornalista, e quatro netos.