De visual novo e mais maduro, Russo quer títulos

O lateral Russo, lançado pelo Sport em 1996, e hoje com 28 anos, está de volta à Ilha do Retiro, depois de ter sido uma das revelações do rubro-negro na Copa João Havelange, em 2000. Nesse intervalo de tempo, o craque passou pelo Santos, disputou final de Libertadores das Américas, pelo São Caetano, e sagrou-se campeão no Rio de Janeiro, defendendo o Vasco. Por último, viu sua vida ficar ruça, ao se transferir para o Spartak, de Moscou, há um ano e meio. Longe de casa, deixou de receber salários, entrou na Justiça do Trabalho brasileira, conseguiu de volta o direito de atuar por outro clube, e decidiu reiniciar a carreira no seu time de coração, o Sport.

Diz o recifense Ricardo Soares Florêncio, que recebeu propostas de outras equipes do Brasil, inclusive o Vasco, que na época intermediou sua transferência para a gélida Rússia. Só que pesou o fato de estar, há muito tempo, longe da família e dos amigos. “Vim para um clube que não deve nada a nenhum outro do Brasil”, reconhece o atleta, que, na Europa, recebeu apenas as luvas e seis meses dos vencimentos.

Segundo o agente Ádson Gomes, Russo está há sete meses sem jogar, mas no dia 22 de janeiro conseguiu o liberatório junto à Fifa. “A regularização deve sair em 10 dias, como ocorre normalmente nas transações com outro país”, afirmou o empresário.

Se Russo acabou caindo no conto do time moscovita, por outro lado trouxe muitas histórias na bagagem. No Spartak acostumou-se a jogar com a neve caindo no campo. “A bola lá é rosa-choque. Numa das partidas que fiz, houve a certa altura uma paralisação de 10 minutos, para que um caminhão entrasse em campo para retirar a neve que cobria o gramado”, relembra.

Como na Rússia é inverno quase todo o ano, o pernambucano contou que os centros de treinamentos são cobertos e munidos de aquecedores.

O povo, de acordo com a ótica do lateral-direito, é sisudo, de poucas palavras. Por isso, afirmou, fez amizade apenas com o tradutor. “Aprendi o básico do idioma, mas não saberia conversar fluentemente com um moscovita”, afirma.

A impressão de Russo sobre o futebol praticado na Rússia é a mesma dos atletas pernambucanos que voltam de Portugal.

“Lá não dá para pensar com a bola no pé. Aqui, o jogo é mais cadenciado. Na Rússia, a zaga dá um chutão e o jogo se define na frente”, comenta.

Indagado se aprendeu algo novo no futebol, na temporada fora do Brasil, desdenha. “Se tenho de aprender alguma coisa, que seja no Brasil”, desabafa.

Na realidade, o jogador começou a desejar voltar ao País pouco tempo depois da negociação com o futebol russo. “Havia um lateral-direito que estava no Spartak fazia 10 anos. Não saía de maneira alguma. Se você jogasse uma bola para ele, com certeza não faria nada. Se é para ficar no banco, pelo menos que o cara seja melhor”, argumenta.

Com um novo visual – os cabelos estão grandes e mais louros –, Russo só espera voltar a jogar, o que deve acontecer na metade do segundo turno do Campeonato Pernambucano, ser campeão estadual, e estar em paz com os familiares.