‘Santos de casa’ lutam por um espaço no Sport

No futebol, o craque de ontem pode ser o renegado de amanhã, um mal que se dá, principalmente, no início de carreira. Um exemplo típico é o do meia Adriano, ex-Sport e Náutico. Ele apareceu no Guarani, nos idos de 90, e especialistas vaticinavam: ali estava o novo Zico. Ele foi campeão mundial de juniores, em 1993, mas a sua carreira caiu no marasmo, não conseguindo realizar 1/3 das proezas do ‘Galinho de Quintino’. No Sport, duas gratas promessas do fim dos anos 90 vivem incertezas no clube onde deram os primeiros chutes: o volante Pedro Neto e o zagueiro Eduardo Telles estão à espera de dias melhores.

Sempre como titular, Pedro Neto ganhou todos os títulos que sonhou – inclusive um torneio na Suíça –, nas categorias de base. Hoje, afirma apenas que vai cumprir seu contrato, válido até o fim de 2005, pois sabe que dificilmente ficará no elenco montado para disputar títulos no emblemático ano do centenário.

Pedro Neto diz não se preocupar com fato de ser novamente avaliado, junto com outros atletas que nunca passaram pelas categorias de base do clube. “O que falta é colocar a gente da casa e dar uma seqüência de jogo. Quando o jogador que foi formado no Sport entra em campo é para tapar buraco”, observa.

Apesar de ter o futuro incerto, Pedro Neto não se abala, por confiar no seu futebol. “Tenho 23 anos e sei que tenho talento”, afirma o jogador, campeão paraibano pelo Campinense, este ano, ao lado do zagueiro Eduardo Telles, contemporâneo seu no Sport.

Telles é outro caso de ‘craque’, que hoje aguarda um reconhecimento da direção e da comissão técnica. Em 2000, chegou a ser chamado para a seleção brasileira de juniores, e fazia parte dos planos do então técnico Emerson Leão para a zaga leonina. “Leão só estava me esperando voltar da seleção para me colocar no time”, rememora.

Uma ironia do destino atrasou o que ainda pode ser uma carreira de sucesso. Na seleção, machucou-se gravemente no joelho direito, ficando um bom tempo afastado do futebol. Ano passado, com o técnico Hélio dos Anjos, ganhou algumas oportunidades, mas não teve a tão sonhada seqüência de jogos que todo atleta deseja para decolar na profissão.

No início deste ano, ele, Pedro Neto, o goleiro Danilo e o atacante Da Silva foram emprestados para o Campinense, conquistaram o titulo estadual local e, de quebra, viraram ídolos da torcida paraibana. “Joguei quase todas as partidas e era o capitão do time. É difícil isso que a gente passa. Os treinadores chegam, cada um tem o seu estilo, seu posicionamento. Se não der certo aqui, vou procurar algo para mim”, afirmou o zagueiro, que tem os mesmos 23 anos de Pedro Neto.