Criação da Sport S.A. provocará mudanças

O Sport tem um dos estatutos mais antigos do Brasil. A ‘constituição’ leonina é de 1975 e não informou, por exemplo, algumas mudanças como a extinção no ínício da década de 80, da Comissão Pró-Sede – responsável pela ampliação e reforma do patrimônio.

É por essa, por outras e pela necessidade de se adaptar à Lei Pelé que o Sport tem de reformar o seu estatuto quase ‘trintão’. O esboço do projeto será apresentado esta semana ao candidato à presidência Luciano Bivar, que condicionou a sua volta à criação de um clube-empresa nos moldes da Lei Pelé. “Para o Sport se tornar uma S.A (sociedade anônima), precisamos modernizar o estatuto”, diz Harlan Gadelha, à frente da comissão de reforma.

No processo eleitoral, um pacote de mudanças aportará na Ilha. As duas principais são a adoção de sistema eleitoral, baseado no novo estatuto do Grêmio, que determina a eleição em dois turnos, caso duas ou mais chapas obtenham mais de 25% dos votos dos associados. “A intenção é dar uma maior legitimidade ao presidente, que estará respaldado pela maioria”, explica.

A outra medida é um maior controle e fiscalização sobre as contas do clube e do patrimônio dos membros da diretoria executiva, mediante a obrigatoriedade da apresentação da declaração de bens e valores que compõem o patrimônio privado, tanto na posse, quanto na saída do cargo.

Estão previstas ainda a redução da idade mínima do associado eleitor de 16 anos – em vez dos 18 atuais –, a criação de um Conselho Administrativo, em auxílio aos Conselhos Deliberativo e Fiscal, extinção da categoria de sócio-atleta para efeito de eleição. “Muitos atletas não são rubro-negros e não é justo que eles possam decidir o futuro do clube”, conta. Em compensação, novas categorias serão criadas como a do sócio contribuinte-empresa e a do sócio contribuinte de estádio (exclusivamente para os jogos na Ilha). E por último, a obrigatoriedade de, no mínimo, 50 assinaturas de conselheiros para o registro de chapa para concorrer à diretoria executiva e ao Conselho Deliberativo.

O principal opositor, Alfredo Bertini, defende as mudanças, mas acha que elas estão sendo impostas e no momento errado. “O Estatuto é conservador e deve ser mudado, mas não desta forma açodada. O clube não tem condição de se tornar uma S.A. Mas a democracia passa longe da Ilha e eles fazem tudo de ‘cartas marcadas’”, desabafa.