Confusão no Clube dos 13

A divisão da cota de televisão para os clubes do Campeonato Brasileiro provocou um racha no Clube dos 13. A promoção do valor destinado ao Santos, defendida pela diretoria da entidade, pode causar um desmembramento definitivo do grupo.

Na reunião na tarde desta quarta-feira em São Paulo para discussão de valores para 2006, 2007 e 2008, sete clubes anunciaram o desligamento do Clube dos 13, acenando com a possibilidade da criação de uma nova entidade. São eles Cruzeiro, São Paulo, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Atlético-PR e Vitória.

De acordo com Zezé Perrella, vice-presidente de futebol do Cruzeiro, o motivo da saída dos sete clubes se deu à forma truculenta como foi conduzida a reunião e à insistência em se votar e aprovar a criação de um grupo intermediário no que se refere à divisão das quotas destinadas pela TV Globo, no qual foi incluído o Santos.

“O que não estamos dispostos a aceitar mais é a diretoria atual do Clube dos 13 pela sua truculência”, afirmou o dirigente, em entrevista à Rádio Itatiaia.

“Com isso vamos ver se a gente vai formar uma nova associação ou ver o que podemos fazer, mas o que não dá é para conviver com essas coisas que estão acontecendo”, completou Zezé Perrella, que também afirmou que há a possibilidade de Atlético-MG e Corinthians também deixarem a entidade.

Pivô do imbróglio na cúpula da direção do Campeonato Brasileiro, o Santos se pronunciou sobre o caso por meio de sua assessoria de imprensa.

O clube, representado na reunião pelo gerente operacional Dagoberto dos Santos, informou que pleiteava a entrada no grupo que recebe a maior cota. Mas, mesmo posicionado um estágio abaixo, não pretende criar um mal-estar na entidade.

Pela definição tomada na reunião, Atlético-MG, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense, Internacional e Grêmio foram relegados ao Grupo 3 e receberão R$ 15 milhões cada. Os clubes do Grupo 1 – Flamengo, Vasco, Palmeiras, Corinthians e São Paulo – receberão R$ 21 milhões.

O Santos ficou sozinho no Grupo 2, com direito a R$ 18 milhões. Os clubes mineiros, que votaram contra essa proposta, também reivindicavam R$ 18 milhões.

O Bahia, que integrava o grupo 3, caiu para o grupo 4, onde está sozinho, e receberá R$ 11,5 milhões. O grupo 5 ficou constituído por Atlético-PR, Coritiba, Sport, Portuguesa, Goiás e Vitória, com cada um recebendo R$ 11 milhões.

A proposta foi aprovada por 28 votos contra 25 (os clubes contam com pesos diferentes na votação). Mustafá Contursi, presidente palmeirense e vice no Clube dos 13, foi responsável por conduzir o encontro. Palmeiras e Vasco lideraram o bloco que aprovou o acordo.

Um dos líderes da debandada de clubes, Zezé Perrella assegurou a diferenciação no valor em favor do Santos foi imposta pela direção da entidade.

“O Santos teve um aumento de 67% nos valores que recebeu ano passado, o nosso grupo teve aumento de 35% e o grupo 1 teve crescimento de 47%. Houve um descontentamento”, declarou o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, que lamentou os votos favoráveis ao Santos de Coritiba, Goiás, Internacional e Grêmio.

A divisão política desencadeada pela saída de Flamengo e São Paulo escancara a disputa pela disputa pelo controle do Clube dos 13. Os dois clubes gostariam de ver Juvenal Juvêncio, vice de futebol são-paulino, no lugar de Fábio Koff, ex-presidente do Grêmio. Mas a decisão do atual presidente de se reeleger acabou com qualquer possibilidade de uma nova liderança.

Márcio Braga, presidente do Flamengo, também tornou pública a queda-de-braço com o rival Eurico Miranda, mandatário do Vasco, que já se desligou da entidade. Nesta quarta, durante a reunião, o dirigente rubro-negro defendeu a saída do clube rival do Grupo 1, que recebe mais dinheiro da televisão.