Leão no Lance! – Reflexão Rubro-negra

O produtor cultural e empresário Alfredo Bertini se afastou do pleito rubro-negro manifestando sua total indignação com o processo eleitoral do Sport Club do Recife, em carta à imprensa, o mesmo fez questão de salientar a forma sempre transparente e séria que colocou seu nome na disputa para dirigir o Leão no ano do seu Centenário. O ex-candidato se mostrou magoado devido aos descasos do presidente Severino Otávio, o Branquinho, que teria marcado uma reunião em sua residência, às 19h da terça e ontem, às 11h30 sequer se manifestou ou avisou os motivos do seu não comparecimento até aquela data.

Após a leitura das quase 5 páginas, onde o mesmo expressou todo o seu descontentamento com o processo, vi também por outra parte um momento de reflexão que venho aqui externar.

Primeiramente Alfredo Bertini foi o único candidato que apresentou um plano de gestão sério para o Sport, faltando 60 dias para o início do Campeonato Pernambucano, nenhum esboço até agora foi formado, nem mesmo o treinador tem a garantia que permanecerá para o próximo ano, até mesmo a chapa favorita está cheia de lacunas.

Concordei com quase todas as ponderações de Bertini, principalmente no que diz respeito ao modelo de gestão atual do clube, o seu estatuto que está velho e ultrapassado, e este eu falo de cátedra, pois tenho uma cópia e é a mais pura verdade. Talvez a irracionalidade de nós torcedores de um clube tão amado com o Sport nos impeça de ver com mais pé no chão tudo isso que acontece no processo eleitoral. Devido a este arcaico processo é que estamos sem nenhum planejamento estratégico para 2005, praticamente tudo está estagnado, pois as definições são sempre cheias de mistérios, porque a vaidade de alguns, consumiu o Sport nos últimos 5 anos, e ainda estão nos corações de muitos destes que agora se aliam.

Longe de mim de ser semente de discórdia, mas sei também que alguns baluartes leoninos nada mais fizeram que dar uma trégua nesse jogo de vaidades que no passado tanto mal causou. Desde a perda do campeonato de 2001 até a queda em 2002. Sou racional em muitas coisas, mas confesso também que o ano do centenário pra mim é sagrado, pois desejo por a faixa no peito e ser campeão no aniversário de 100 anos do clube que tanto amo, nesse caso sou imediatista demais. Mas e depois? Que projetos temos para o futuro do Sport? Pelo que sei a criação de uma S.A., não salvou o futebol de clube nenhum até então, é bem verdade que o deixou mais bem gerido e só.

Não é garantia de conquistas e sim de sobrevivência. Também não quero dizer que não haja divergência de idéias, no futuro “bater chapa” é até um processo que engrandece a democracia e principalmente um clube da grandeza do Sport Club do Recife, desde que as “guerras” sejam de idéias e não de ofensas pessoais que fazem com que irmãos rubro-negros de digladiem até o limite da irracionalidade.

A retirada de candidatura de Bertini foi um ato de grandeza, pois o mesmo sempre foi transparente e coerente em suas idéias e projetos para gerir o clube e no meu ver se fortalece numa eleição futura se assim ainda quiser postular o cargo. O poder da tradição venceu a razão, isso é inegável, mas até quando?

Sei que as pessoas que irão levar o Sport no Centenário são pessoas sérias que merecem nosso respeito e admiração, tem serviços prestados ao clube e são abnegados defensores das cores rubro-negras. Por eles torço com todo meu coração, que errem o menos que puderem para que os próximos dois anos sejam de reais conquistas. Mas com toda certeza também saibam que o Sport Club do Recife é um clube eterno, portanto tem de ser pensado também como uma sempre jovem criança que cresce para se tornar cada dia mais forte. Pensemos no futuro e vamos rumo ao Centenário.