A organização não acredita que nenhum dos dois times envolvidos, Santa Luzia e Sport, sofra punição por causa da briga generalizada. Um inquérito será aberto, mas ninguém deverá ser indiciado.
O quebra-quebra ocorrido na Ilha do Retiro, anteontem, durante a disputa de um jogo do Campeonato Participativo de Futebol Feminino, promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), deve acabar em ‘pizza’. Amanhã, às 15h, em reunião na Diretoria de Esportes da PCR, haverá o julgamento das equipes envolvidas na confusão – Sport e Santa Luzia, da Torre –, com base no regulamento da competição, que prevê a expulsão do time infrator para as próximas edições do campeonato.
César Gomes, um dos organizadores, não acredita que o Sport, classificado para a próxima fase, seja punido. O Santa Luzia já foi eliminado. No âmbito policial, segundo o delegado Fernando Moreira, responsável pelo caso, um inquérito será aberto, ainda esta semana, para ouvir os envolvidos, mas ninguém deverá ser indiciado.
Em reunião, ontem, na Diretoria de Esportes da PCR, ficou definida a realização de seminários educativos para as equipes. A medida objetiva evitar que cenas violentas como as da Ilha do Retiro voltem a acontecer.
A confusão na Ilha trouxe à tona um impasse entre os organizadores da competição e a Polícia Militar. O xis da questão está na ausência de policiamento durante a confusão, que começou dentro de campo e terminou em frente ao Ginásio Marcelino Lopes, envolvendo jogadoras, comissões técnicas e torcedores das duas equipes.
Segundo os organizadores do evento, três dias antes dos jogos, a Diretoria de Esportes da PCR envia um ofício ao comando geral da Polícia Militar e aos batalhões que fazem a cobertura das áreas onde estão localizados os campos, requerendo auxílio de segurança para a realização das partidas. “A Polícia não tem estrutura para suprir a demanda desportiva do Futebol Participativo, que envolve quatro categorias, e a cada fim de semana movimenta 30 jogos. Também não é de nosso interesse diminuir o efetivo das ruas, que já são tão violentas. O carro que cobre a região em torno dos campos é que, em qualquer situação de emergência, dará o apoio imediato”, disse César Gomes.
O apoio imediato dado pela Polícia Militar demorou, anteontem, cerca de 15 minutos, tempo suficiente para que três pessoas ficassem feridas, uma delas com traumatismo facial – o torcedor Marcos Batista da Silva – e para a depredação da entrada do Ginásio Marcelino Lopes e de um carro, que estava estacionado em frente à quadra. Os policiais que chegaram ao local do tumulto foram ineficientes, deixando com que a pancadaria e a chuva de pedras continuassem. Dos cerca de 80 envolvidos na confusão, apenas 20 foram levados para a Delegacia do Cordeiro para prestar depoimentos.
Conforme a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar, a Diretoria de Esportes da PCR não enviou qualquer tipo de solicitação aos comandos responsáveis pela segurança em eventos esportivos – Comando de Policiamento da Capital, Batalhão de Choque (BP) e 13º Batalhão. Na explicação, deixaram claro que a Polícia não vai atrás de jogos para fazer a segurança, é preciso que seja comunicada em tempo hábil, para que algumas questões burocráticas possam ser resolvidas.
A partir da próxima fase, que começa nesse fim de semana, todos os jogos do Campeonato Participativo de Futebol Feminino serão disputados em campos suburbanos, o que pode parecer um risco ainda maior, já que tais campos não contam com uma infra-estrutura capaz de manter atletas e torcedores em segurança. Para os organizadores da competição, no entanto, fatos como o de anteontem na Ilha não vão se repetir. “Os campos de várzea ficam em locais mais violentos. Mas lá vamos contar com as comissões de apoio, formadas por lideranças dentro da comunidade para manter a ordem”, disse César Gomes.
No próximo fim de semana começa a segunda fase do campeonato. Os oito times classificados, divididos em dois grupos, jogarão entre si. Os classificados foram Guararapes, Fluminense, Sport, Constelação, Barreirense, Real, Santa Cruz e Confiança.
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