Maizena tem um lugar no coração da torcida

A missão foi árdua, mas o reconhecimento está aí. Se por acaso um torcedor do Sport se indagar qual atleta se salvou do fiasco das campanhas nos Campeonatos Pernambucano e Brasileiro da Série B, este ano, certamente vai se lembrar de Maizena. Não é exagero. Se não fosse o goleiro, de 36 anos, estar passando por uma ótima fase, num período de vida em que muitos pensariam em parar, o Leão estaria em maus lençóis. Basta lembrar uma das partidas mais recentes, contra o CRB, em Maceió, há duas semanas. Foi Maizena quem garantiu um empate, com defesas dificílimas. O pontinho conseguido no 1×1, diante dos alagoanos, acabou de vez com as chances de rebaixamento do Sport no certame.

Ele entende, até por ser a posição de goleiro a mais individualista no futebol, que algumas vezes foi o destaque do time. Mas não se acha o único digno do reconhecimento do torcedor. “O futebol, antes de tudo, é coletividade”, observa. Então, também se considera culpado de tudo de ruim que aconteceu ao Leão em 2004.

Por outro lado, Maizena demonstra satisfação ao sentir que a torcida tem um carinho especial por ele. Mas também mostra-se consciente de que quando um goleiro é destaque, normalmente, as coisas não andam muito bem. “É interessante ser considerado um jogador de qualidade. Mas posso me destacar pela minha atuação, e outros jogadores de linha, como precisam de um melhor rendimento do que outros atletas do time, podem não aparecer.”

Apesar dos 36 anos, não pergunte a Maizena quando pretende ‘pendurar as luvas’. Ele não se chateia em falar sobre o assunto. É que realmente não sabe quando vai parar de jogar futebol. Diz que enquanto estiver bem, continuará em campo.

Maizena afirma que a genética lhe foi grata. Para se ter uma idéia, desde que começou a jogar profissionalmente, tem as mesmas medidas. Desde o início procurou não abusar da noite e das bebidas. Diz isso sem fazer a mínima questão de esconder que toma uma cerveja quando pode. Quer dizer: quando tem um intervalo longo, de um jogo para outro, ou nas suas folgas, mas sem exagero. “Sempre me cuidei. Descanso bastante e vivo uma vida regrada”, diz. “Também nunca me machuquei.”

Mas a principal das vaidades é que as pessoas não chegam nem a perguntar sua idade. Para Maizena, esse é o melhor dos sinais, somado ao empenho quase juvenil de se dedicar aos treinos. “Quando acaba a vontade de treinar, ou você diz para si mesmo, ‘ah, hoje vai ter treino, que chato’, é porque o seu trabalho já não dá tanto prazer”, diz.

Sem falsa modéstia, Maizena não vê, até pela sua idade, em quais fundamentos melhorar como goleiro. Nos últimos anos, desde o Fortaleza, em 2000, até agora, diz que vive um ótimo momento porque aprendeu a controlar a ansiedade, com o passar dos anos. Em outros clubes, como Internacional e Cruzeiro, lembra, chegava a treinar mais que todos do time, mas não tinha o controle necessário dentro de campo.

Ele diz que até continua um pouco estressado, mas agora, diferentemente do passado, sabe canalizar o nervosismo com sucesso. “Quando perco, por exemplo, não consigo relaxar. Minha mulher (a alagoana Cléa, com quem se casou recentemente), quando chego em casa, diz para eu relaxar um pouco, mas não consigo”, revela.

Maizena tem contrato com o Sport até o fim de 2005. Se vai continuar no clube, é uma incógnita. Não que tenha demonstrado vontade de sair. Mas depois das atuações deste ano, chamou a atenção do Brasil. Um dos primeiros clubes a lhe sondar foi o Brasiliense. Nada de concreto, por enquanto. Mas ainda há a expectativa de que outros interessados tentem tirar o goleiro da Ilha.