Homero já fala de seu projeto

O ex-presidente Homero Lacerda deve anunciar amanhã sua candidatura oficial à sucessão de Severino Otávio, no Sport. Será a primeira vez que ele tenta voltar ao cargo, após a vitoriosa gestão 87/88, biênio em que foi campeão brasileiro e estadual.

Desde maio, quando foi ovacionado durante as comemorações do aniversário rubro-negro, Homero vinha recebendo pedidos para que voltasse à presidência do Sport. Na semana passada, teve o nome lançado por um grupo de conselheiros. Iniciou as articulações e decidiu concorrer, para tentar comandar o clube no ano do centenário – à reportagem do JC, disse que estava dividido e que ainda não havia decidido se concorreria.

Sua volta ao comando do Leão também significaria a mudança na liderança política. Sai o grupo de Wanderson Lacerda e volta o de Luciano Bivar. Questionado se sua provável candidatura significaria mesmo o retorno de Bivar à Ilha, ele foi enfático: “Com certeza.”

Maior financiador dos títulos na década de 90, Bivar renunciou ao cargo de presidente em 2002, após intensa pressão da torcida, articulada pela oposição que voltou ao clube justamente com a eleição de Severino Otávio.

Mas Homero Lacerda diz que sua candidatura não tem cunho segregador. Ele aposta num departamento de futebol forte para tentar vencer os possíveis concorrentes. “Tenho um projeto para o Sport, especialmente para o futebol”, promete. “A parte administrativa é questão de gerenciamento”, acrescenta, lembrando que este setor foi bem cuidado pela atual gestão.

Ainda sobre o futebol, Homero planeja implantar uma filosofia profissional. “Quero atletas em sua excelência. Este projeto é um aprimoramento do que foi no ano 2000”, afirmou, referindo-se às partes física, médica e psicológica. “Quero atletas como são os da seleção brasileira de vôlei, que saem de quadra e sabem o que podem fazer, o que podem comer.”

Sobre a atual gestão, algumas críticas. Embora tenha tentado não entrar em choque com a diretoria, ele deixou claro que não concordou com a opção de Branquinho. “Uma das coisas que discordei foi essa união. O candidato tem que ser competente, tem que levar o clube de volta à 1ª Divisão. Não é candidato de união quem vai fazer isso.”

Outra alfinetada foi justamente em relação ao departamento de futebol. “Eu disse a Branquinho para ele não delegar funções. Ele tinha que estar à frente do futebol. Fez isso tarde demais”, lembrou. “Um futebol forte começa pelo técnico. Mas este técnico não pode mandar em tudo. A filosofia tem que ser da diretoria. E o treinador tem que dar satisfação do que faz.”.

Defensor ferrenho da contratação de Emerson Leão em 2000, apesar de protestos dos companheiros de diretoria, Homero acredita que só conseguirá o objetivo trazendo um bom comandante. “Prefiro um grande técnico com um time mais ou menos, do que uma seleção brasileira com um treinador fraco”, compara.

Sobre uma possível oposição durante a campanha e ao longo de um possível mandato, o ex-presidente se diz tranqüilo. “Convivo muito bem com isso. Aprendi a respeitar os outros. Hoje estou mais experiente e converso com qualquer rubro-negro”, garante.

Homero hoje divide os negócios com o convívio da família e com o esporte. Praticante de windsurfe, diz que leva uma vida saudável e bem caseira. “Tenho o privilégio de fazer as três refeições com meus filhos. E sei que vou perder isso se aceitar o desafio.”