Uma derrota é capaz de tudo, até mesmo causar desabafos pouco convencionais no futebol, ambiente conhecido por ser dos mais corporativistas. O técnico do Sport, Heriberto da Cunha, quebrou o ‘protocolo’, ontem – talvez pelo fato de ter sido chamado de ‘burro’, em uníssono, pelos torcedores que assistiram ao empate do Leão com o Brasiliense, anteontem –, e soltou o verbo, tendo sido seus atletas o alvo principal. Depois de uma reunião com o grupo, ele contou com detalhes a conversa, na qual, principalmente, pediu responsabilidade ao elenco.
“Esses jogadores que estão aqui têm de respeitar a camisa do Sport, de tanta tradição. Se fosse para fazer uma avaliação, hoje, e tivéssemos tempo para contratar, nenhum dos atletas teria condições de trabalhar no clube”, desabafou o técnico, ao grupo, e, logo depois, à imprensa.
Heriberto acha que o empate deveu-se a uma apatia generalizada. Num momento do jogo, perguntado sobre o que poderia fazer para melhorar a equipe, acuada pelos adversários, arrematou: “Teria de mudar nove atletas.”
De acordo com ele, a partir do momento em que os leoninos precisavam apenas de uma vitória para voltar ao G-8 da Série B do Campeonato Brasileiro, era preciso que o elenco tivesse comprometimento com o Sport. “Todas as vezes em que se abriram as portas para ficarmos entre os classificados, parece que o grupo ficava com medo, fugindo da responsabilidade”, atirou o treinador.
Quanto ao fato de ter sido chamado de ‘burro’, por ter colocado em campo Jean Carlos – cometeu o pênalti, originando o gol de empate – e demorado a acionar Ricardinho e Leozinho, ele não se fez de rogado, lembrando ter assumido o posto, com o Sport nas últimas colocações da competição. “Quando cheguei estava tudo tumultuado. Existia um clima ruim entre os atletas. Esse time de hoje não é diferente daquele”, defende-se.
Heriberto afirmou que precisa haver paciência porque também falta qualidade ao elenco rubro-negro. “Eles sabem e eu sei que temos um time limitado. Agora, isso que acontece agora é um reflexo dos maus resultados durante o ano”, reconhece. Para o jogo contra o CRB, no dia 10, promoverá mudanças, mas não as anunciou.
É o que a torcida e o presidente, Severino Otávio, Branquinho, esperam. “Fizeram o mais difícil, sair do rebaixamento. Quando estão prestes a entrar no G-8, mostram um futebol medíocre. Não posso cobrar técnica a quem não tem. Mas deveriam mostrar, pelo menos, força, raça e empenho”, diz Branquinho.
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