Xô, Uruca!!! Sai daqui, rebaixamento!

Por Adelmar Bittencourt*

Eu estava lá. Se você não estava, azar o seu. Você perdeu uma das maiores demonstrações de raça e superação do Sport em todos os tempos. Até hoje estou me penitenciando por não ter visto o gol salvador de Danilo Santos pois, revoltado com o empate do Fortaleza aos 46 do segundo tempo, desci ao banheiro para aliviar a bexiga das cervejas ingeridas e depois ir embora, revoltado com a até então interminável maré de azar do Sport.

Fui covarde, confesso, mas tive motivos para sê-lo. Aquele gol de Rinaldo nos fez ver, mais uma vez, os filmes do Mogi-Mirim, Bahia, América de Natal, entre outros. Lembro de ver Cleisson, Sílvio Criciúma e Élder caírem no gramado, como se não acreditassem que aquilo estava acontecendo.

O gol redentor me encontrou no banheiro da arquibancada. De celular numa mão (na outra é melhor eu não dizer o que tinha…), eu falava com Cabeção, que não pôde ir ao campo por conta de um acidente sofrido. Expressava toda minha revolta por mais um resultado adverso, quando a gente mais precisava daquela vitoriazinha magra. E ele: “Não é possível, Adelmar! De novo!”.

Foi quando ouvi um estrondo bem acima da minha cabeça, e que logo depois sacudiu toda a estrutura de concreto. Era um gol, um gol altamente improvável, mas que tinha acontecido. Berrei com Cabeça ao telefone: “É gooool! Depois eu falo!”, e saí de volta para a arquibancada, onde perto de 10 mil heróis enlouqueciam de alegria.

Nem olhei para o campo, apenas vi milhares de malucos pulando nas grades, se ajoelhando. Sim, era um gol, afinal de contas, aquela vibração toda não poderia ser pela substituição de Marcão.

Perdíamos um jogo ganho, e acabamos vencendo um jogo perdido. Essa foi a maior lição do ano para o Sport: a de que o time tem, sim, poder de reação. Ficou claro em vários dos jogos nesta Série B que o time se abilolava quando tomava um gol. Aí o bom futebol dava lugar à desorganização tática e à falta
de vontade.

Vejam como a ansiedade estava atrapalhando: nos primeiros 20 minutos, o Sport estava jogando um futebol vistoso. Nildo e Jean Carlos se destacavam na movimentação, Alecssandro parecia ligado no jogo e até Robgol estava mordendo. Mas depois que passaram esses vinte minutos iniciais e o time viu que ainda não tinha feito um gol, começou a pirar. Aí o Fortaleza ficou melhor e deu trabalho.

Bom, mas isso não importa. Ganhamos essa joça, e agora vêm três jogos que serão decisivos: Londrina (lá), Joinville e 2° Time de Pernambuco (aqui). Dá pra ganhar os nove pontos, sim senhor. Aí, o tal do rebaixamento vira lenda.

Se vai dar pra chegar lá em cima é outra história, com a qual eu não estou nem um pouco preocupado. Como diria Jack, o Estripador: “vamos por partes!”.