Nildo vive entre amor e ódio

Há seis anos na Ilha do Retiro, e depois de 250 jogos pelo Sport, o meia Nildo vive sua eterna história de herói e vilão dos torcedores rubro-negros. Um exemplo: na época em que estava prestes a ir para o banco de reservas, a galera chiou com o então técnico do time,Luís Carlos Ferreira, fazendo forte pressão para que a direção demitisse o treinador. E conseguiu. Segunda-feira, uma reviravolta, típica dos relacionamentos movidos a amor e ódio. Uma pequena parte dos leoninos pendurou cartazes para protestar contra a má campanha do Leão na Série B, na Ilha. Quem foi o mais cobrado (e por que não dizer, achincalhado)? Nildo.

A atual fase de Nildo e a relação dúbia com a torcida se confundem com a própria história do atleta no clube, onde chegou com 22 anos, vindo do Fluminense, em 98 – ele iniciou a carreira no Porto, de Caruaru, teve uma breve passagem pelo Guarani, e depois foi parar no Rio. No mesmo ano, fez seis jogos pelo Sport, tendo estreado contra o América de Natal, no dia 26 de julho. A fama de craque, no entanto, foi conseguida à custa de brilhantes apresentações em 1999, 2000 e 2003.

No seu segundo ano, Nildo assumiu a titularidade, jogou 61 partidas e marcou 19 gols. Bons números para um meia-armador nato. Em 2000, a consagração: sob a batuta do técnico Emerson Leão, foi campeão pernambucano, vice-campeão da Copa dos Campeões e quinto colocado na Copa João Havelange. Leão posteriormente assumiu a seleção brasileira e prometeu uma vaga ao atleta, em ótima fase. Quis o destino, nessa gangorra que é sua trajetória no Rubro-Negro, que se machucasse no joelho esquerdo, antes de vestir a ‘amarelinha’, ficando fora dos campos por um ano e quatro meses. Os anos de 2001 e 2002 foram praticamente de recuperação, sendo que, no final de 2002, chegou a jogar 28 vezes, marcando nove gols. Estava tentando ‘ressurgir das cinzas’.

As desconfianças sobre o futebol do jogador foram por água abaixo em 2003, quando voltou a atuar com qualidade, levando o Sport à terceira colocação da Série B. Este ano, Nildo voltou a cair de rendimento. Porém, é bom que se diga, foi atrapalhado pela má reformulação do elenco, depois da debandada de quase todo o time de 2003.

Se Nildo encontra alguns desafetos na torcida, para o técnico Heriberto da Cunha sua habilidade é indiscutível.

O treinador acredita que o tempo de clube é um fator que ajuda a explicar a relação de amor e ódio com a torcida. “Em todas as grandes equipes, os jogadores importantes são cobrados. É só ver os casos de Kaká e Luís Fabiano, no São Paulo”, compara.

O treinador sabe a importância de Nildo para o time. Além de hábil, é veloz, sabe dar assistências aos companheiros e finaliza bem, aà média e longa distãncias. E tem uma qualidade extra que o diferencia de boa parte dos meio-campistas ofensivos: é um ótimo ladrão de bolas.

Os dados a esse respeito, porém, são guardados a sete chaves pela comissão técnica rubro-negra. Afinal, divulgar isso seria dar armas aos adversários.