Coluna – A Tribuna do Leão

BOLETIM MÉDICO
Por Adílson Gomes Filho*

Na Tribuna do Leão da semana passada, fazíamos uma analogia entre a situação do Sport na Série B e a vivida por um paciente na UTI. Uma semana depois, e passados dois jogos, podemos dizer que o paciente respira sem auxílio de equipamentos. Encontra-se em franca recuperação. A dose certa do remédio idem (primeiro, o desabafo da torcida; depois, a palavra de incentivo); o estímulo e o apoio dado pelas visitas (mais de dez mil só no sábado passado) e a unidade da equipe que assiste ao doente (diretoria, jogadores e comissão técnica) foram fatores preponderantes na excelente melhora do quadro clínico.

O Sport precisava a todo custo da vitória em casa contra o Fortaleza. Não jogava o futebol desejado pela exigente massa mas já merecia sorte melhor. O coração batia acelerado. Eis que o “enfermeiro” Canela entra na Unidade de Terapia Intensiva e consegue conter a taquicardia do Sport: 1 a 0, após uma jogada aérea ensaiada. Nesse momento, foi o coração da torcida que disparou. A euforia tomou conta de todos. Foi quando o Leão voltou a preocupar a família: após um descuido generalizado, o Fortaleza empata. O coração do Leão voltava a preocupar. Muitos familiares deixam o “hospital” Ilha do Retiro cabisbaixos. Os que permaneceram, entreolharam-se na certeza de que nada mais podia ser feito. No apagar das luzes, o semblante pesado dá lugar um grito de gol digno de final de campeonato. Foi quando outro “enfermeiro” (Danilo Santos) assume o plantão e contém a parada cárdio-respiratória: reanima o doente com um choque (um gol nos acréscimos) e dá números finais à partida.

Refeita do susto, a família Rubro-Negra passa a acompanhar à distância o processo de recuperação. O paciente é transferido para o Paraná e o quadro clínico melhora mais ainda. Era tudo o que precisávamos. Duas vitórias seguidas deram uma oxigenada importante: fomos catapultados da 22ª para 15ª posição, o que não é pouco. Os próximos confrontos são em casa – Joinville (terça, 03/08) e Santa Cruz (domingo, 08/08) –, já sem a pecha de rebaixáveis que tanto nos incomodava. Mas o momento é de consolidação da recuperação. O time ainda não rende o esperado, portanto não deve se acomodar. É bom lembrar que a velocidade do “elevador da tabela” é igual, tanto para subir quanto para descer. O fato é que as três últimas rodadas deram a noção do que é uma disputa de segunda divisão. Jogamos bem contra o Bahia – chutamos quatro bolas na trave e o goleiro deles trabalhou dobrado. Contudo, amargamos uma derrota.

Já nos dois confrontos mais recentes não precisamos apresentar um futebol-arte para conquistarmos os seis pontos em disputa. Esse é o espírito do torneio. Cansei de ver o time jogar bonito em 2002 e 2003 e não lograr êxito. Ano passado então, perder a vaga para o Bota foi fogo (com o perdão do trocadilho). Começo a acreditar que – justamente no ano em que passamos mais vergonha num certame do gênero – vamos ascender à série A, contrariando as previsões. Só aí, o paciente receberá a tão esperada alta hospitalar. Até lá, continuemos a apoiá-lo, sendo pacientes também.

Amiga sorte

Ela andava um pouco afastada do nosso Sport. Parecia impossível a reconciliação. Mas ela resolveu fazer as pazes e reapareceu – para nossa felicidade – nos dois últimos confrontos. O desempate no finalzinho do jogo contra o Fortaleza e o primeiro gol de Ricardinho contra os paranaenses são a prova inconteste da maré positiva que inundou a Ilha do Retiro. Oxalá, ela perdure até o final do campeonato.

Entra e resolve

Prestem bastante atenção ao banco de suplentes do Sport nas próximas rodadas. De lá, nos dois últimos jogos, saíram os heróis das vitórias do Leão da Ilha. Canela, Danilo Santos e Ricardinho entenderam bem o recado dado ao pé-de-ouvido pelo técnico Heriberto da Cunha.

Eu existo

Salta aos olhos a indiferença do meia Nildo para com o atacante Robson. Há lances em que não resta outra alternativa ao meia que não seja tocar para o centro-avante. Nildo cisca, dá voltas na bola e ignora o melhor posicionamento do companheiro. Prefere recuá-la, à passar para Robson. Desse jeito fica difícil mesmo fazer gol.

Humildade

No jogo contra o Fortaleza, no entanto, Robson deu mostras do quão profissional é: teve a humildade de correr para abraçar o camisa 10, autor do cruzamento que resultou no primeiro gol – marcado por Canela. Nildo preferiu dar de ombro, tratando-o com uma frieza de dar pena.

Futuro

O meia Leozinho foi convocado novamente para Seleção Brasileira Sub-20, que vai disputar um torneio no Japão. O curioso é que Leozinho não se firmou como titular – sendo aproveitado apenas no decorrer de alguns jogos. Já o lateral direito do Náutico, Paulinho – titular durante a Milk Cup – não foi mais chamado. O futuro de ambos, no futebol, certamente, já está delineado.