Cleisson fica. Contrato foi prorrogado até 2005

Depois de muita conversa com a direção do Sport e com o técnico Heriberto da Cunha, o volante Cleisson rejeitou a proposta de um clube do futebol coreano, que, segundo o próprio atleta, era irrecusável. Ser ídolo da torcida, considerou o jogador, pesou na difícil decisão. Como toda ação causa uma reação, os dirigentes rubro-negros retribuíram o gesto de Cleisson, renovando antecipadamente seu contrato até dezembro de 2005, e de quebra, aumentando os vencimentos.

Foi um verdadeiro ‘Dia do Fico’, ontem, na Ilha. Ainda à tarde, Cleisson mantinha viva a esperança de ter uma segunda conversa com o presidente do clube, Severino Otávio, Branquinho, no intuito de ser liberado para jogar no outro lado do mundo. Antes disso, um dos diretores do clube, Otávio Coutinho, afirmou à reportagem do JC que não havia a possibilidade de ceder à pressão do meio-campista. Dito e feito.

Logo após o treino, uma movimentação tática com o time que deve enfrentar o Fortaleza, sábado, às 20h30, na Ilha do Retiro, pela Série B (ver matéria ao lado), Cleisson acabou com o mistério. “Não posso abandonar o barco. Se o Sport estivesse na primeira colocação, tudo bem. Financeiramente, este contrato iria me deixar tranqüilo. Mas pesou o respeito que a torcida tem por mim e eu por ela”, afirmou. Para Cleisson, mais vale, no momento, ter a consciência tranqüila do que os dólares que iria ganhar fora do País.

A notícia de que o jogador poderia deixar a Ilha caiu como uma bomba, anteontem, no mesmo dia em que componentes de várias torcidas organizadas foram até a Ilha protestar contra a atual fase do time na competição. Na ocasião, Branquinho se apresentava irredutível em liberá-lo.

Cleisson, inclusive, foi um dos poucos jogadores poupados da ira da pequena parcela da torcida leonina, que levou faixas com frases agressivas, visando à direção e alguns atletas.

Heriberto também conversou com Cleisson. O treinador fez o jogador ver que esse não é o momento de sair do Brasil para jogar num país em que o futebol ainda engatinha. “É que os empresários falam coisas maravilhosas desses clubes. E nem sempre é verdade”, disse.

Ele citou o caso de Jean Carlos, no ano passado, quando defendia o Náutico, e se transferiu prematuramente para o Santa Clara, de Portugal. “Não é todo clube de Portugal que é grande. Existem os principais, Porto, Sporting e Benfica, mas os outros são como os pequenos daqui do Estado”, diz. Jean Carlos, no Sport há um mês, não se adaptou ao futebol luso.

Se existe o receio de que Cleisson pode ter ficado a contragosto, nos treinos ele demonstrou o contrário, com a dedicação de sempre.