Ferreira diz que faltou respeito ao seu trabalho

Bem na orla da praia de Boa Viagem, na altura do Terceiro Jardim, o ex-técnico do Sport conversou ontem com a reportagem do JC. Apesar de se mostrar sereno, calmo, foi inevitável mostrar uma ponta de desilusão por ter vindo dirigir o Sport, há 45 dias. “Não era o momento de vir para o Sport”, vaticinou. Sem mágoas, admite que faltou respeito, principalmente por parte da imprensa, à sua trajetória no futebol.
“Sem generalizar, aqui não se dá valor a treinadores que trabalhem com seriedade, lealdade e honestidade”, afirmou.

Para ele, no Recife foi tratado como um ‘zé-ninguém’ pela imprensa local, com desrespeito. Nesse momento, ficou clara a frustração, até mesmo o arrependimento de ter um dia aceitado a proposta do Sport. “Quando saí do Santo André, deixei lá pessoas que tinham muito respeito pelo meu trabalho”, diz.

Ferreira afirma que, com a sua saída do Sport, apenas o clube pernambucano perde. “Vim para o Sport para fazer um trabalho de longo prazo. Montar uma equipe para vários anos, e não para fazer um trabalho de um semestre. Este, inclusive, deve ser o pensamento”, afirma.

Para exemplificar o que seria esse trabalho, citou os vários jogadores que trouxe para o Leão, com idades entre 23 e 25 anos, e bastante em conta. “Eles não chegavam aos pés, em termos de salários, aos dos medalhões do time”, revela. “Sentia que tinha condições de montar uma equipe muito boa”, reconhece.

Ferreira diz que o maior erro foi não ter especificado no contrato uma cláusula com ‘prazo de validade’. “Até mesmo para não ser descartado facilmente. Vou dizer uma coisa: nunca passei por situação semelhante a essa”, afirma.

Poucas são as lembranças boas que levará para São Paulo – seu embarque está marcado para hoje, por volta das 13h. Por incrível que pareça, revela ter um carinho grande pela torcida do Sport. “Pena que não vivemos uma história de amor”, diz. “Trabalhar com o vice de futebol Ricardo Brito foi prazeroso. Sinto que ele não concordava com minha saída”, diz.