Diretor do Hóquei explica confusão em Santiago pelo Sul-americano

No dia 25 (segunda) foi realizado o congresso técnico com a presença dos clubes e do comitê organizador da confederação sul-americana.

O Sport apresentou sua documentação completa, tudo conforme exigido. Não houve nenhuma contestação.

No dia 27 fizemos nossa estreia e vencemos o Estudantil San Miguel (Chile) por 6-4, resultado que eliminou a equipe chilena que já havia perdido no dia 26 para o CA Unión de San Juan (Argentina).

No dia 28 enfrentamos o CA Unión disputando o primeiro lugar do grupo. Foi ai que começaram nossos problemas. No dia 28 a tarde, ainda no hotel enquanto a equipe estava concentrada para o jogo da noite, contra o Unión, nosso goleiro recebeu uma ligação de um jogador amigo que atua pelo Estudantil San Miguel (Chile) lhe dizendo que o Sport havia perdido os pontos conquistados na noite anterior.

Isso já causou uma profunda revolta em nossa equipe, deixando todo mundo perturbado.

Perdemos o jogo da noite por 6-5 para o Unión, tal resultado nos deixou em segundo lugar no grupo, onde disputaríamos a semi final contra o Petroleros (Argentina) primeiro do outro grupo.

Ocorreu que, no intervalo da partida contra o Unión, o Sr. Victor Hugo Martinez, chileno, secretario do comitê, nos entregou um documento comunicando que havíamos perdido os pontos da partida da noite anterior. Tal fato nos deixou extremamente revoltados.

Estávamos no meio de um jogo, o documento que nos foi entregue dizia que perdemos os pontos por estarmos com mais reforços do que o permitido (são permitidos 2 reforços pro sulaamericano) nos acusaram de termos 4.

O documento que nos foi entregue não nos dava prazo para defesa e nem tampouco vinha assinado pelo presidente do comitê (que nem tinha conhecimento disso, descobrimos depois), apenas assinado pelo secretário, o Sr. Victor Hugo Martinez.

Os “reforços” que extrapolavam a cota de 2, seriam os argentinos Fabricio Marimont e Martin Maturano.

Só que eles não são reforços. São jogadores do Sport Club do Recife, moram em Recife há uns 4 ou 5 meses (não tenho a data precisa), foram campeões brasileiros pelo Sport, recebem salário, tem visto de permanência no Brasil e são atletas do clube como qualquer outro jogador nosso.

A partir daí, consternados, começamos a tomar as providências.

Entramos imediatamente em contato com a Confederação Brasileira de Patins, onde nossos jogadores estão inscritos, denunciamos a situação. A Confederação Brasileira nos deu todo apoio e confirmou que estava tudo OK.

Entramos em contato com a CAP (Confederação Argentina de Patins) e conseguimos um oficio em que constava o registro de Fabricio Marimont e Martin Maturano inscritos regulamente como jogadores do Sport Club do Recife.

Conseguimos também um documento do CIRH (Comitê Internacional de Rink Hockey) vinculado à FIRS (Federação Internacional de Roller Sports) (é a FIFA do hóquei, por analogia) dizendo que a situação dos nossos jogadores era regular.

De posse dos documentos, imediatamente apresentamos tudo ao Sr. Victor Hugo Martinez, secretario do comitê organizador e ao Sr. Mario Guedes, presidente do comitê organizador, eleito pela Confederação Sul-americana de Patins.

Arbitrariamente o Sr. Victor Hugo ignorou os documentos apresentados e não quis mais conversa sobre o assunto, dizia que estávamos eliminados e mandou anunciar no sistema de som que a sem final daquela noite seria Estudantil San Miguel (Chile) x Unión (Argentina). Em suma, estávamos eliminados em benefício de uma equipe chilena que perdeu todos os jogos. No fim, o Sr. Victor Hugo disse que se fôssemos para a quadra seríamos presos.

O Sr. Mario Guedes, presidente do comitê organizador e autoridade máxima do evento disse: “QUEM JOGA É O SPORT, o protesto que lhe tirou os pontos não tem fundamento e sequer tive conhecimento prévio, nem tampouco assinei. O Sr. Victor Hugo não manda em nada e está imediatamente afastado da função de secretário”.

Os chilenos da organização do evento ignoravam tudo que era a nosso favor. Simplesmente queriam que a equipe chilena jogasse.

Ante toda a confusão, resolvemos entrar na quadra prontos para jogar e lá ficamos. Ou jogaria o Sport Club do Recife ou ninguém jogaria.

Chegou a polícia (Carabineros) imediatamente entramos em contato com a Embaixada do Brasil e colocamos os Carabineros numa ligação com a Embaixada, onde foi exigido pela Embaixada a garantia da nossa integridade física e moral. Os Carabineros estavam contra nós até tomarem conhecimento da realidade de fato. Estávamos aptos para jogar e os chilenos nos impediam. Tínhamos autorização para estar em quadra. O Sr. Mario Guedes anunciou que quem jogaria era o Sport.

Argumentamos com os carabineros e eles disseram que ali não havia delito e mandaram suspender o evento.

E assim ocorreu.

A partir daí, marcou-se uma reunião com o Presidente da Confederação sul-americana, com o Comitê organizador e com os clubes.

Ficou decidido que uma comissão internacional decidiria quem jogava. Sport ou San Miguel. Seria por votação das confederações dos países sul-americanos (Chile, Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, etc).

Aceitamos, pois era a única forma de tirar a decisão dali, onde queriam colocar a equipe chilena na marra.

De imediato ficamos receosos com tal votação, pois os Chilenos influenciaram com mentiras na votação, além do forte poder de lobby. As confederações dificilmente teriam acesso à nossa versão e a nossos documentos. Além disso, se houvesse empate na votação quem decidiria seria o Presidente da Confederação Sul-americana, Sr. Armando Quintanilha, chileno e claramente contra nós.

Nos chegou o resultado da votação das confederações, por 5×3 quem jogaria era o SPORT CLUB DO RECIFE. Vencemos a votação mas o Sr. Quintanilha ignorou isso e disse: Quem manda no campeonato é o Presidente do Comitê organizador, Sr. Mario Guedes. Eu não mando, o Sr. Victor Hugo foi demitido pelo Sr. Mario e ele decide quem joga”.

Isso já foi no sábado de manhã. A final seria a noite e ainda nem havia sido disputada a semi final.

O Sr. Mario Guedes disse: quem joga a final é o Sport Club do Recife.

Preparou um documento comunicando isso ao San Miguel, assinou e entregou. O San Miguel, com o apoio dos Chilenos da organização que lá estavam, resolveu entrar na quadra e não deixou ter o jogo.

Esperamos algum tempo e para nossa surpresa, sem o aval do comitê sul-americano ou da confederação sul-americana, o Presidente de hóquei da Universidade do Chile, pega o microfone e anuncia. A final será hoje a noite entre Petroleros x Unión.

A Universidade Católica foi organizador logístico do campeonato e nada mais. O seu Presidente estava consternado com a bagunça e precisava dar uma satisfação ao público. Anunciou essa final bizarra sem o aval do comitê sul-americano.

Na final, Nenhum representante da sul-americana sentado na mesa. Os árbitros do torneio também não compareceram, arrumaram 2 árbitros chilenos para apitar. Árbitros que não são da confederação sul-americana, um deles inclusive com mais de 55 anos, que já é obrigatoriamente aposentado da arbitragem.

Um circo, um faz de conta pra esconder o fracasso.

Imediatamente, o Presidente do Comitê sul-americano determinou o cancelamento do campeonato, anulando-se qualquer resultado.

E assim está.

José Neto

Diretor depto de Hóquei do Sport Club Recife

Redação MeuSport
Com informações do site oficial