Fernando Bivar exalta Sport e os esportes

Foram dois anos de pesquisas e muito amor ao clube para Fernando Caldas
Bivar, 70 anos, escrever o livro Coração rubro-negro – Sport Club do
Recife, A união faz o Leão, 100 anos. Não se trata apenas das memórias
do autor, mas de uma forma afetiva de recordar uma parte da história
dos esportes em Pernambuco.

Na verdade, Fernando Caldas Bivar resgata um tempo em que a prática
esportiva era sinônimo de solidariedade, contribuição à sociedade e à
comunidade. Ao mesmo tempo, fala da fundação do Sport, dos esforços
feitos por grandes rubro-negros e das conquistas, não se limitando
apenas ao futebol, mas falando também dos esportes olímpicos.

Nascido em uma tradicional família de rubro-negros – seu pai, Milton
Bivar, foi presidente, e o irmão Luciano Bivar (não terminou o mandato
de 2001/2002) está pela quarta vez no cargo –, Fernando justifica a
decisão de escrever suas memórias como uma forma de contribuir para a
preservação da história do Sport no seu centenário, chegando a citar o
filósofo italiano Noberto Bobbio: “O tempo do velho é o passado”.

Mas, nos seus 70 anos, Fernando Caldas Bivar parece um jovem. As idéias
estão sempre fervilhando. A prova é que na introdução de o Coração
rubro-negro, ele faz uma alusão a todos os esportes, aos jogos
olímpicos e às copas do mundo, mas ressalta o futebol. “Podemos dizer
que é uma paixão e festa. Ao mesmo tempo é arte, cultura, saúde. É
vida!”

O leitor, independentemente de ser do Sport, do Náutico ou do Santa
Cruz vai encontrar uma pequena história da nossa cultura esportiva. “O
texto do livro é muito íntimo. Não diz só a respeito do meu clube de
coração. Há até lembranças dos jogos entre as escolas, os times de
peladas os jogos no campo do Ginásio São Luís.”

Advogado concursado e aposentado do Banco do Brasil, onde trabalhou por
32 anos, Fernando Bivar é casado com dona Célia, rubro-negra de
primeira hora, teve dois filhos, Roberto e Álvaro, e tem quatro netos.
“Todos são rubro-negros. É uma questão de família”, diz com orgulho.

Em todo o livro há uma preocupação com a educação, a cultura, a função
do esporte na sociedade, tudo isso dentro de uma perspectiva de que o
esporte é uma forma de desenvolvimento social e político do cidadão.
São memórias que servem como exemplo para o presente, pois o ódio está
contaminando o futebol. Na sua explicação, Fernando Bivar dá uma
declaração cheia de emoção: “Os esportes não estão à parte da
sociedade, faz parte dela e reflete uma realidade.”

No capítulo em que se refere à década de 1950, ele cita o artigo do
historiador inglês Peter Burke, publicado na Folha de S. Paulo
(24/2/2002) sob o título “História social dos clubes”. Assim, Fernando
chega à conclusão na página 21. “Por meio deles (dos clubes),
desenvolvem-se as relações de amizade, estreitamento dos laços de
coesão social e, portanto, de conscientização dos indivíduos com
relação ao outro, ao meio, com nova visão de mundo, com a valorização
de práticas e símbolos, enfim, como meio de inclusão social.”