Sexta-feira, 13 de maio de 2005

Fiquei pensando horas e horas como escrever um texto digno e à altura do Centenário do Leão da Ilha do Retiro. Pensei, pensei e não consegui achar a fórmula certa. Sempre leio nos livros de jornalismo e aprendo que não se deve misturar as emoções com o que se escreve. O jornalista é uma testemunha ocular, mas deve ser totalmente imparcial e manter-se à distância do ocorrido.


Pela primeira vez, em 13 de maio de 2005, eu me deparei com esse dilema. Como iria separar a emoção ao ver meu time tornar secular? Impossível! Por isso fiz outro texto e peço licença a todos os internautas e leitores assíduos do PeloSportTudo e vou continuá-lo.


Na quinta-feira dormi com uma ansiedade saudável. O dia tinha tudo para ser especial… era uma sexta-feira 13, a única do ano. Isso era mais do que um sinal! Sempre gostei das sextas-feiras 13  (quando meu aniversário era neste dia da semana, a alegria era em dobro), além disso, qual o outro clube que tem o privilégio de comemorar o aniversário no mesmo dia da assinatura da Lei Áurea e de Nossa Senhora de Fátima? As piadinhas por conta da sexta 13 foram muitas, não é verdade amigos rubro-negros, mas todas sem fundamentos. 


Meu forte nunca foi acordar cedo, mas eu queria ouvir os fogos, fazer parte – nem que fosse como ouvinte – das comemorações dos 100 anos do Leão. Antes das 6h eu já estava acordada e após o término da Alvorada recebo um telefonema que me faz pensar: “Como é bom ser rubro-negra e fazer parte desta família”. (É bom até mesmo quando a gente é acordado cedíssimo… ).


Senti uma inveja “branca”, como costumam falar, pois uma grande amiga (rubro-negra, claro!!) faz estágio quase ao lado do Sport. Sempre digo que ela é uma privilegiada! Ao meio-dia, o telefone toca mais uma vez. É a minha amiga rubro-negra Isabelle, dizendo que está em frente ao Sport, emocionadíssima com o som das buzinas e alegria rubro-negra. Novamente eu agradeci a Deus por ser leonina e por integrar a nação rubro-negra.


À noite, nunca vi nada tão emocionantes. Creio que, grande parte dos rubro-negros que estavam ontem na sede, hoje acordaram sem voz. Era preciso gritar: “Pô, eu sou rubro-negro… tenho orgulho de ser!” A alegria que se tem é inexplicável! Como dizer que é torcedor de um dos maiores times do Brasil e que, cem anos após a fundação, conserva o espírito guerreiro, herdado por Guilherme de Aquino? Isso só era possível cantando com o coração e gritando o nome Sport o mais alto que agüentasse. (Vem cá, você já reparou como cinco letras unidas são tão poderosas e nos remetem aos mais profundos sentimentos? Será que estou exagerando, caro leitor rubro-negro?).


Mas pare de ler agora quem disser que não se emocionou ao ouvir o hino de centenário ou ao ver o novo uniforme do Sport ou até mesmo ao ouvir o hino de Pernambuco. Falando em hinos… que lindo ficou o de Pernambuco com a pequena modificação/homenagem feita pelos rubro-negros que estavam na sede, não? “Salve ó terra dos altos coqueiros, de beleza soberbo estendal; nessa terra só tem rubro-negro…” Bem, se nessa terra só tem rubro-negro, isso eu não posso dizer, mas que ontem o dia foi só nosso… isso foi!


Continuando a falar sobre hinos. Acredito que uma parte do brasileiro descreva bem o caráter dos rubro-negros: “Verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora à própria morte…” Já ouvi muito de meu primo Gustavo que o Sport era sua vida. Hoje eu assino, o Sport é a nossa vida… e como é bom viver e sonhar as mesmas coisas juntos, hein?


Avante nação rubro-negra, afinal são 100 anos de paixão, de raça e coração!


P.S. – Desculpem, por favor, essa rubro-negra. Não sei se o texto lido por vocês está piegas ou cheio de clichês, mas o amor é assim… quando se ama é difícil escolher as palavras; o importante é sentir e se deixar levar pelas emoções. Agora entendo o que um cineasta pernambucano quis dizer quando me falou: “por isso não torço para nenhum time… não quero perder a razão”. Se eu fosse respondê-lo agora diria que não se trata de perder a razão, mas de deixar o coração falar por nós.


Saudações rubro-negras.