PE 2005 – Começa a festa da bola

As primeiras linhas de mais um capítulo da história do futebol de Pernambuco começam a ser escritas hoje, quando se inicia a 91ª edição do Campeonato Pernambucano. E motivos não faltam para que o certame de 2005 seja um dos mais acirrados dos últimos anos. No ano do 90º aniversário da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), o Náutico lutará para manter a hegemonia na primeira década do milênio, quando levantou três dos quatro últimos campeonatos disputados. O Santa Cruz busca sair da fila de nove anos sem levantar uma taça. O Sport não admitirá outro resultado que não seja o título no ano do seu centenário. Vale lembrar que a última vez que o título não ficou com o Trio de Ferro foi em 1944, quando o América levou a taça.

Rivalidade sempre foi a maior tônica nas nove décadas do Estadual. Qual o alvirrubro não enche o peito para gritar que é o único hexacampeão estadual (1963 a 68), o tricolor que não sente orgulho de ser o único tri-super campeão (1957/76/83) e o rubro-negro que não se gaba de ser o maior detentor de títulos (34 contra 23 dos corais e 21 dos timbus)?

Mas, além de rivalidade e de partidas inesquecíveis, muitos fatos curiosos ajudam a fazer a história de um dos campeonatos estaduais mais tradicionais do Brasil. Pouco sabem, por exemplo, que as três maiores forças do nosso futebol já viveram seus dias de saco-de-pancadas no Pernambucano.

Em 1925, o Náutico amargou a lanterna da competição com uma campanha digna de esquecimento: em dez jogos, foram seis derrotas, dois empates e apenas duas vitórias, com 19 gols marcados e 31 sofridos. Em 1930 seria a vez do Santa terminar em último lugar, com uma campanha decepcionante: em oito jogos, foram quatro derrotas, dois empates e duas vitórias, 12 gols marcados e 14 contra.

Já a pior participação dos rubro-negros aconteceu em 1939, quando o time da Ilha do Retiro terminou na vice-lanterna, à frente do América. Foram sete derrotas, três empates e seis vitórias, em 16 jogos, com 36 gols marcados e 44 sofridos.

Também é curioso saber que em 90 anos, 58 equipes já participaram do Estadual. O Santa Cruz é o único clube a estar em todas as edições do certame. Já os extintos Colligação SR e Associação Atlética do Arruda disputaram apenas um campeonato. Dentro desse universo alguns clubes trocaram de nome. O caso que mais chama atenção é do atual Manchete que já foi Santo Amaro, Casa Caiada e Recife.

Na história do Pernambucano também não faltam partidas inesquecíveis e até certo ponto atípicas, como a decisão de 1922, disputada em apenas oito minutos. Na verdade, o último confronto entre América (campeão) e Sport era o complemento do jogo de estréia da competição, que foi interrompido aos 37 minutos do segundo tempo, quando o alviverde vencia por 2×1.

Uma das mais longas decisões do futebol brasileiro também foi realizada no Estadual. Em 1977, a final entre Sport e Náutico começou às 21h15 do dia 14 de outubro e só terminou às 0h15 do dia seguinte. Foram precisos 158 minutos de bola rolando e três prorrogações (o regulamento da época determinava que o tempo extra só seria encerrado com a marcação de um gol) para os rubro-negros comemorarem o título.