Mudança no artigo 12 continua causando polêmica

A punição que obriga clubes a fazerem seus jogos com portões fechados não foi bem aceita pelos dirigentes dos três grandes clubes de Pernambuco. Presidente da FPF também não concorda com a mudança.

Pelo visto, o artigo 12 do novo Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda vai dar muito o que falar. Em Pernambuco, as opiniões são divergentes no que se refere ao documento, que estabelece que um clube punido com a perda de mando de campo poderá atuar em sua cidade, mas o estádio terá os portões fechados. Antes, os punidos cumpriam pena atuando a pelo menos 150 quilômetros de distância do local onde mandava seus jogos.

A nova medida, que pôde ser observada recentemente no jogo entre Roma e Real Madrid, pela Liga dos Campeões da Europa, tem sido mais criticada do que elogiada pelos dirigentes pernambucanos. A punição anterior, porém, também não é uma unanimidade.

Na opinião do presidente do Náutico, Ricardo Valois, as medidas punitivas precisam ser reavaliadas. “Um clube e toda a torcida não podem ser punidos por atos isolados de um ou outro torcedor. O Náutico, por exemplo, não deveria ser culpado se uma pessoa invadisse o campo e abraçasse um jogador, pois logo depois tomamos todas as providências, encaminhando-a para a delegacia”, argumentou.

Valois acredita serem injustas as duas formas de punição, mas acha que a mudança piora ainda mais a situação. “Nesse caso não é apenas o clube que está sendo punido, e sim 20 mil torcedores, por conta de um irresponsável. Isso é um absurdo”.

Presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz, José Neves Filho também discorda da forma como é estabelecida a punição. “Não muda muita coisa, pois quando o jogo é transferido para outra cidade, o torcedor quase não vai. Mas o que temos não é uma punição disciplinar, e sim financeira. Isso tudo é porque estão querendo imitar a Europa”, ressaltou.

Para Zé Neves, a alteração no Regulamento Geral de Competições da CBF acarretará também uma mudança na divisão das rendas dos jogos. Isso para evitar que um time visitante seja prejudicado num jogo de portões fechados onde a renda do jogo seria dividida (isso ocorre na Série B do Brasileiro, quando são realizados clássicos estaduais). “Não poderá mais haver rateio e sim a renda completa para o mandante. Mas terá que ser feita uma adequação no regulamento”, frisou o dirigente tricolor.

Apesar de acreditar que toda experiência é válida, o presidente do Sport Severino Otávio, Branquinho, acha estranho esse tipo de medida. “Vamos estar punindo também a torcida adversária, que nada tem a ver com o caso”, afirmou. “Já imaginou torcedores do Bahia vindo ao Recife acompanhar seu time e não poderem entrar no estádio?”.

Branquinho também questionou como seria se o clube fosse punido antes de uma final de campeonato. “Se essa medida estivesse em vigor, a final deste ano da Série A seria de portões fechados, pois o Santos jogou a última partida cumprindo punição. Não sei se é a melhor decisão, mas se querem testar assim, tudo bem”, analisou o presidente do Sport.

Quem não concorda com nenhum dos dois tipos de punição é o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto Oliveira. “Fechar os portões não existe, é a pior punição que existe. Jogar longe também é ruim, pois dá prejuízo para todo o mundo, clube e torcida”, disse. “Minha sugestão é que o clube jogue na mesma cidade, mas em outro estádio. Assim, não há prejuízo financeiro para ninguém”.

A opinião a respeito da questão ficou dividida entre os atletas que atuam nos clubes do Estado. Para Leozinho, meia do Sport, “não deve mudar, e sim manter como era antes. Jogar sem torcida não existe, é coisa para a Série A, que não tem ninguém nos jogos. Aqui no Nordeste, que só tem casa cheia, isso não deve acontecer”, alfinetou.

Apesar de também não gostar da idéia, o volante Neto, do Santa Cruz, acha a mudança melhor do que a punição anterior. “Não sou a favor desta pena, pois jogar sem ninguém no estádio é muito ruim. Mas é melhor do que viajar para longe, onde jogamos, normalmente, em campos ruins do interior. Pelo menos não seremos prejudicados dentro de campo”, opinou.